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Paraguai acusa Brasil e Argentina de complô contra carne


Políticos paraguaios discutiram ontem (17-07) suas suspeitas sobre um suposto complô de Brasil e Argentina contra as exportações paraguaias de carne após a denúncia de febre aftosa em duas regiões fronteiriças com esses países. "Não podemos descartar um boicote comercial", disse na Câmara dos Deputados o legislador Daniel Rojas, do opositor Partido Liberal Radical Autêntico.

"Foram veterinários brasileiros [em outubro de 2002] e argentinos [em 8 de julho do ano passado] que denunciaram a existência de febre aftosa na fronteira seca, em locais onde existe um ativo intercâmbio de população e de animais", afirmou Rojas.

"Não se pode descartar nada", comentou, por sua vez, o ministro da Agricultura e Pecuária, Darío Baumgarten, que participou da sessão. "Não temos mais informes de focos [de aftosa] na zona afetada", acrescentou o ministro, esclarecendo que o foco registrado oficialmente na semana passada na área conhecida como La Laguna [Pozo Hondo], na fronteira com Argentina e Bolívia, a 815 quilômetros da capital paraguaia, está concentrado apenas nesta paragem, de difícil acesso.

"A febre aftosa foi descoberta em locais habilitados para a exportação de carne para a Europa", insistiu o deputado Rojas. Em setembro e outubro do ano passado, um técnico brasileiro denunciou a existência de aftosa no país vizinho, 600 quilômetros a nordeste de Assunção.

Para Oscar Centurión, presidente do Instituto Paraguaio do Indígena, "a febre aftosa veio do lado argentino". O funcionário acrescentou que "eles [os índios que tinham o gado afetado] têm parentes lá e numa das trocas de animais chegou o mal", frisou.

O jornal paraguaio 'ABC' divulgou ontem declarações do veterinário argentino Pablo Bengonselli, que trabalhou como assessor do Serviço Nacional de Saúde e que numa visita em junho para apoiar uma campanha de vacinação, revelou que seu país teve dois mil focos de febre aftosa. "Sabem o que nós fazemos? Nós escondemos e, às vezes, jogamos a culpa nos nossos vizinhos", acrescentou, segundo o 'ABC'. Por causa do surto de aftosa, o Paraguai perdeu, entre outros, seus mercados de carne no Chile, Brasil e Israel.

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