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Papel da educação na formação dos líderes do agronegócio

No Brasil, o Dia do Professor é celebrado em 15 de outubro



Foto: Expodireto Cotrijal

No Brasil, o Dia do Professor, celebrado em 15 de outubro, tem raízes no período imperial. Em 1827, Dom Pedro I decretou o ensino público elementar, lançando as bases da educação no país e delineando o papel dos professores. Décadas depois, a data se consolidou como uma homenagem oficial àqueles que dedicam suas vidas à formação das futuras gerações. No contexto do agronegócio, esses profissionais assumem um papel estratégico, preparando líderes para um dos setores mais importantes da economia brasileira.

Segundo Aluízio Borém, agrônomo, mestre e professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e PhD pela University of Minnesota (EUA), um dos maiores desafios na formação de agrônomos é integrar novas tecnologias ao currículo. “Estamos diante de uma revolução no campo, com big data, internet das coisas, agricultura digital, nanotecnologia e biológicos transformando a agronomia. Manter os estudantes motivados e com capacidade crítica para enfrentar mudanças climáticas e demandas de sustentabilidade é essencial.”

Teoria e prática

Embora o ensino teórico seja fundamental, Borém ressalta a necessidade de reforçar a conexão com as demandas práticas do campo. “O currículo dos cursos de agronomia enfrenta barreiras estabelecidas pela Confederação Brasileira dos Engenheiros Agrônomos, dificultando ajustes contínuos. No entanto, acreditamos que essas dificuldades podem ser superadas com procedimentos inovadores.”

Entre as soluções destacadas estão a interdisciplinaridade e o estímulo ao empreendedorismo, garantindo uma formação mais abrangente. “Na universidade, os estudantes realizam, no último semestre, um estágio prático em propriedades rurais, aplicando o que aprenderam ao longo do curso. Além disso, buscamos parcerias com a iniciativa privada para fortalecer essa vivência.”

O agrônomo como protagonista no mercado

Para Borém, o agrônomo do futuro será essencial para manter o Brasil competitivo no mercado global de alimentos. “Apesar dos desafios, estamos formando engenheiros agrônomos muito mais capacitados do que há 5, 10 ou 30 anos. A maior acessibilidade à informação tem elevado o potencial dos profissionais que saem das universidades”, observa.

A adoção de novas práticas e tecnologias, aliada a uma visão crítica, permitirá que esses profissionais conduzam o agronegócio brasileiro por caminhos de inovação e sustentabilidade. “Estamos confiantes de que nossos alunos estão preparados para se tornar líderes no campo, garantindo a continuidade do protagonismo brasileiro na agricultura.”

Educação: a base da competitividade

A formação de agrônomos alinhados às demandas do mercado moderno exige aprimoramento contínuo, tanto no ensino quanto na prática. Borém enfatiza que a integração entre teoria e prática, junto à introdução de novas tecnologias, é fundamental para transformar desafios em oportunidades.

Neste contexto de reconhecimento ao papel dos educadores no agronegócio, o professor Aldo José Pinheiro Dillon, professor titular da Universidade de Caxias do Sul e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Dillon Biotecnologia, reforça a importância dos professores para o desenvolvimento de um país. Ele ressalta que um país que almeja progresso na educação, pesquisa e tecnologia deve reconhecer os professores como cidadãos fundamentais para a sociedade.

Segundo Dillon, o reconhecimento deve vir não apenas da população, mas também dos governantes, políticos e legislações, que precisam enxergar os docentes como peças essenciais na formação de técnicos, graduados, pós-graduados, cientistas e inovadores. Ele destaca ainda que a valorização dos professores passa pela oferta de uma remuneração adequada e motivadora, além de processos de seleção eficientes para garantir que os profissionais mais vocacionados e capacitados ocupem os diferentes cargos. Em suas palavras: “Parabéns, professores e professoras, vocês merecem o nosso reconhecimento.”

Carlos Renato da Silva, engenheiro agrônomo, também compartilhou sua visão sobre o cenário educacional. Para ele, o currículo atual de agronomia evoluiu, mas ainda carece de disciplinas fundamentais. “Faltam matérias voltadas à gestão de empreendimentos rurais e agroindustriais, além de empreendedorismo, que são essenciais para a formação de um agrônomo preparado para o mercado. Também é necessário integrar novas tecnologias aplicadas ao agro.”

Silva destaca a importância da pesquisa aplicada como forma de conectar o ensino acadêmico ao mercado. “A pesquisa básica é relevante, mas precisamos de mais incentivo para pesquisas aplicadas que promovam a interação com cooperativas e empresas de produção. Isso prepararia melhor os estudantes para o mercado de trabalho.”

Sobre o currículo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Silva elogia o foco em ecologia, mas sugere uma maior aproximação das universidades com instituições representativas do setor. “Organizações como a Farsul, a CCGL e o Clube de Integração e Troca de Experiências (CIT) são fundamentais para promover a troca de conhecimento com produtores e incentivar práticas sustentáveis.”

O trabalho dos docentes vai além das salas de aula: eles moldam o futuro de um setor essencial para a economia brasileira.

 

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