Paolinelli é indicado ao Prêmio Nobel da Paz 2021
Indicação recebeu cartas de apoio de 119 instituições do Brasil e do exterior, representando 24 países
Alysson Paolinelli, ex-Ministro da Agricultura, foi indicado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/Esalq), ao Prêmio Nobel da Paz 2021. A nomeação foi protocolada no último dia 22 de janeiro, no The Norwegian Nobel Committee, pelo professor Durval Dourado Neto, diretor da Esalq.
Em coletiva de imprensa virtual, realizada em 26 de janeiro, para apresentar os detalhes da indicação, estudos e documentos enviados ao Comitê Norueguês do Nobel, o diretor destacou as contribuições de Paolinelli ao meio ambiente e sociedade. “Trata-se de um líder brasileiro provedor da paz em nível mundial, tanto no passado com o desenvolvimento da Agricultura Sustentável no Cerrado preservando a Amazônia, como no presente e no futuro liderando o Projeto Biomas na Academia como Terceiro Titular da Cátedra Luiz de Queiroz”, disse.
A coletiva moderada pelo gestor técnico da Rede Paolinelli, Ivan Wedekin, contou com cerca de 70 jornalistas inscritos. Nela, o diretor da Esalq ressaltou o legado de Paolinelli em transformar o Brasil de importador de alimentos, em 1970, em potência mundial do agronegócio que viabilizou ao Brasil alimentar cerca de 1 bilhão e duzentos milhões de pessoas de um total de 7 bilhões, em 2016, no mundo todo.
“Paolinelli já antevia desde os anos de 1960 que o futuro dependia da transformação da agricultura tradicional. Foi dele o impulso que inaugurou uma nova era no campo, cujos impactos socioeconômicos, de sustentabilidade e desenvolvimento humano estão presentes até hoje”, destacou Dourado. O ex-Ministro é praticante da agricultura de baixo carbono e, atualmente, é presidente do Instituto Fórum do Futuro.
Um dos líderes da indicação, Roberto Rodrigues, coordenador do Comitê Executivo da Rede Paolinelli, acrescentou: “Paolinelli é o maior brasileiro vivo, é o visionário da maior revolução agrícola tropical sustentável que ocorreu no Brasil. Ele é um grande construtor da paz, pois alimento é paz, sustentabilidade é paz”, enfatizou Rodrigues.
Além de Durval Dourado Neto e o ex-Ministro Alysson Paolinelli, pariciparam da coletiva integrantes do Comitê Executivo da Rede Paolinelli como o coordenador Roberto Rodrigues, Evaldo Vilela, coodenador acadêmico e presidente do CNPq, Francisco Matturro (Abag e Agrishow), Jacyr Costa (COSAG/Fiesp), Manuel Otero (IICA), Márcio Lopes de Freitas (OCB) e Mônica Bergamaschi (IBISA).
A coletiva de imprensa na íntegra pode ser acessada por meio do canal Esalq Mídias no YouTube: https://youtu.be/6XWIA_AjDXo
Rede Paolinelli
Para desenvolver o complexo processo da nomeação de Alysson Paolinelli ao prêmio, foi criada uma rede de entidadessob a liderança do ex-Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Organizada em grupos gestores, a Rede Paolinelli teve propósito de realizar os estudos sobre a contribuição de Paolinelli e a documentação perante o Comitê Norueguês do Nobel. O coordenador do Comitê Executivo destaca o extraordinário engajamento de lideranças e profissionais de destaque da sociedade civil no Brasil e exterior.
Discurso do diretor da Esalq
Indicação do Ministro Alysson Paolinelli para o Prêmio Nobel da Paz
É como muita satisfação que indicamos o ministro Alysson Paolinelli para o Prêmio Nobel da Paz.
O Ex-Ministro Alysson Paolinelli teve atuação de grande destaque em toda sua trajetória acadêmica e profissional. Primeiro colocado no vestibular do Curso de Agronomia da Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL), atuou como presidente do Centro Acadêmico daquela instituição, onde se graduou Engenheiro Agrônomo em 1959, como primeiro colocado e orador da Turma de Formandos. Foi Diretor da ESAL entre 1967-1971, hoje Universidade Federal de Lavras (UFLA), onde foi Professor de Hidráulica, e de Irrigação e Drenagem por 11 anos.
Nesse período, aprendeu os fundamentos básicos da Academia: a essência do conhecimento científico é a sua aplicação prática, como preconizava Confúcio, com o intuito maior de transformar conhecimento em riqueza para melhoria da vida de todos, especialmente os menos favorecidos. Desde o início foi um líder independente que sempre norteou suas ações com base na CIÊNCIA.
Especializou-se nos estudos sobre o potencial da região do Cerrado para a produção agrícola e teve brilhante atuação na direção de órgãos públicos, criando e implantando programas e instituições de grande importância na agricultura.
Foi Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais de 1971-1974, quando criou o Programa Integrado de Pesquisas Agropecuárias de Minas Gerais, hoje Epamig, e de 1991-1998, quando criou e implantou o Instituto Mineiro Agropecuário (IMA), que coordena programas de defesa sanitária animal e vegetal, e de qualidade e certificação de produtos agropecuários.
Foi Ministro da Agricultura de 1974 a 1979. Nesse período, Paolinelli impulssionou a expansão da Embrapa, criou e implantou a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater), e promoveu a ocupação econômica do Cerrado.
Posteriormente, atuou como presidente de várias instituições públicas e privadas, destacando-se o Banco do Estado de Minas Gerais (1979-1982), a Associação Brasileira de Bancos Comerciais Estaduais (Asbace) (1980-1982), a Fiat Allis Latino Americana (1982-1996 e 1998-2001), Confederação Nacional de Agricultura do Brasil - CNA (1988-1990), Fórum Nacional de Agricultura (1992-1993) e Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) (2010-2015). Atualmente, é presidente do Instituto Fórum do Futuro, que promove o desenvolvimento de uma agricultura tropical sustentável.
Ao longo de sua brilhante carreira recebeu diversos prêmios, condecorações e títulos honoríficos. Em âmbito nacional, destacam-se o Prêmio Frederico de Menezes Veiga, da Embrapa (1981), Professor Emérito da Universidade Federal de Lavras (2006), Personalidade do Agronegócio de 2006, pela Associação Brasileira de Agronegócio, Ordem Nacional do Mérito Científico - Classe Grã-Cruz (2008), Medalha dos 150 anos do MAPA (2010) e Medalha Luiz de Queiroz (2017) da Esalq/USP. Também obteve amplo reconhecimento internacional.
O notável Alysson Paolinelli é praticante da agricultura mais atual, a de baixo carbono, tendo obtido o reconhecimento por políticos de todas as tendências ideológicas. São várias as homenagens a ele feitas por membros dos mais diversos partidos no âmbito do Parlamento brasileiro dentre outras instituições acadêmicas, principalmente. Isso acontece não só por Paolinelli ter sido o técnico que reinventou a agricultura brasileira ou por ele ter colocado em prática políticas que redundaram em atos que instrumentalizam o combate à fome no Brasil e no mundo.
E também, por conta de sua atuação política no debate Constituinte que redundou na Constituição Federal de 1988, primando, sempre, por liberdade e igualdade a todos nós brasileiros. Pela liberdade, prospectada no direito de propriedade e na livre iniciativa, mas, também, pela igualdade, prospectada na forma da função social a ser extraída do capital em suas diversas formas de empreendimento.
Alysson Paolinelli, por meio de emendas ao anteprojeto da Constituição no âmbito da Subcomissão da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária da Assembleia Nacional Constituinte, propôs que a ordem econômica e social tivesse por fim propiciar o desenvolvimento nacional e a justiça social com base nos princípios da liberdade de iniciativa; da propriedade privada dos meios de produção; da valorização do trabalho; da função social da propriedade e da igualdade de oportunidades.
Segundo Paolinelli, a função social da propriedade é cumprida quando propicia o bem-estar de todos que dela dependem; mantém níveis satisfatórios de utilização e eficiência; e assegura a conservação dos recursos naturais e justas relações de trabalho.
Suas ideias e propostas, que podem ser revisitadas nos arquivos de proposições apresentadas no âmbito da Assembleia Nacional Constituinte, contribuíram sobremaneira para o perfil final da Carta Política cidadã de 1988, equacionando o embate que existe entre igualdade e liberdade. O Estado tem de intervir para produzir condições de igualdade; para regular as oportunidades; para torná-las acessíveis a todos os seres humanos, independentemente de sua cor, origem, gênero ou condição social. Sem descurar, contudo, e por outro lado, da liberdade. Sem descuidar da ideia de Estado que prima pelas liberdades individuais.
As regras e os princípios tais quais restaram consolidados no Texto Constitucional parecem ter traduzido a experiência política pessoal de Paolinelli que ali atuava após especializar-se nos estudos sobre o potencial da região do Cerrado para a produção agrícola, e de, na década de 60, ter participado da fundação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola (antecessora da Embrapa); após ter assumido a Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, onde criou incentivos e inovações tecnológicas. Depois de ter sido ministro da Agricultura entre 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979, período em que consolidou a Embrapa como empresa de pesquisa e promoveu a ocupação econômica do Cerrado. Tudo antes de que a Constituição de 1988 estabelecesse que ao Estado cabe promover e incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação. Antes de que o Constituinte deliberasse que a pesquisa científica básica e tecnológica deve receber tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação.
As instituições de Pesquisa, como universidades, empresas estaduais de pesquisa e a Embrapa, desenvolveram sistemas de produção específicos ao ambiente de produção tropical, viabilizando a exploração racional do Cerrado, otimizando a utilização dos recursos naturais, insumos agrícolas, mão-de-obra, terra e capital, o que resultou, praticamente, na expansão da produção sustentável de alimentos para parte da população mundial e desenvolvimento dos Estados localizados no bioma Cerrado. Não seria possível o desenvolvimento da agricultura e pecuária na savana brasileira sem as iniciativas do Ministro Alysson Paolinelli, desde o fortalecimento da Pesquisa Agropecuária como a Embrapa e a criação do programa de desenvolvimento do cerrado como o PRODECER.
Não foi por acaso, portanto, o reconhecimento dado a Alysson Paolinelli no sentido da grandeza de seus atos e pensamentos. Sempre incentivador da pesquisa, ciência e tecnologia, foi agraciado, em 2006, com o prêmio World Food Prize, o equivalente ao Nobel da alimentação, por liderar a implantação da Agricultura Tropical no Cerrado Brasileiro. Esse prêmio é dado a pessoas, independente de raça e gênero, que ajudaram consideravelmente a população a melhorar a qualidade, quantidade ou disponibilidade de alimentos no mundo.
Em 2019 foi nomeado Embaixador da Boa Vontade do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Em 2020, o Ministro Alysson Paolinelli (ciclo 2020/2021) se tornou o Terceiro Titular da Cátedra Luiz de Queiroz de Sistemas Agropecuários Integrados, uma cadeira voltada para a discussão e realização de atividades abertas à participação de professores e estudantes de graduação e de pós-graduação da USP, coordenada por uma personalidade de notório saber.Tem por finalidade promover reflexões e atividades interdisciplinares, em nível regional, nacional e internacional, sobre temas relativos ao desenvolvimento e sustentabilidade de Sistemas Agropecuários Integrados e suas aplicações com o meio ambiente e com a sociedade
Em 22 de janeiro de 2021, ALYSSON PAOLINELLI foi indicado pela Universidade de São Paulo, por intermédio da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, para o Prêmio Nobel da Paz, pelo seu legado em transformar o Brasil de importador de alimentos em 1970 em potência mundial do agronegócio que viabilizou o Brasil alimentar cerca de 1 bilhão e duzentos milhões de pessoas de um total de 7 bilhões em 2016 no mundo todo, e de liderar como Terceiro Catedrático da Esalq/USP o Projeto Biomas que procura estruturar um planejamento estratégico para prover a produção de alimentos para mais 1 bilhão e cento e vinte milhões de pessoas em 2050, de um total estimado de 9,8 bilhões, para atender o objetivo da FAO de o Brasil atender 40% do aumento da população (2,8 bilhões de pessoas) nesse período, promovendo a PAZ.
Recebemos 119 cartas, representando 24 países de todos os setores de atividade, para a indicação do ministro Alysson Paolinelli para o prêmio Nobel da Paz
Enfim, trata-se de um líder brasileiro provedor da paz em nível mundial, tanto no passado com o desenvolvimento da Agricultura Sustentável no Cerrado preservando a Amazônia, como no presente e no futuro liderando o Projeto Biomas na Academia como Terceiro Titular da Cátedra Luiz de Queiroz.