O governo brasileiro quer começar a explorar com a União Européia (UE) benefícios comerciais diante da reforma na política agrícola comum (PAC), aprovada há poucas semanas por Bruxelas. A informação é do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que esteve ontem em Genebra para se reunir com o diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC), Supachai Panitchpakdi. Durante o encontro, o brasileiro e o tailandês debateram estratégias para evitar que a reunião ministerial da entidade em Cancún, em setembro, se torne mais um fracasso. Segundo o chanceler, o diretor da OMC não está muito otimista com essa reunião.
Na opinião de Amorim, a reforma da PAC abre uma possibilidade para que a Rodada da OMC avance. Mas, para que isso ocorra, o Brasil quer saber onde vai ganhar e como o novo sistema de subsídios na Europa será traduzido numa proposta na OMC. "Não podemos esperar que os EUA e a UE negociem e apenas ficarmos aguardando se haverá algo de bom para nós. Temos de nos antecipar e começar a conversar com a UE ao mesmo tempo que estão conversando com os EUA para ver o que pode ter para nós de concreto."
O ministro foi claro: o Brasil não se sentirá satisfeito apenas com "ganhos teóricos". Para explorar esses ganhos, o governo quer promover uma reunião com os europeus já nesta semana, se possível. "Em geral, essas reuniões ocorrem por iniciativas deles (europeus). Agora vamos propor uma por iniciativa nossa", disse o ministro.
Sobre a situação geral das negociações da OMC, tanto Amorim como Supachai não escondem suas insatisfações. "Até pouco tempo estava tudo bloqueado.
Agora, com a reforma da PAC, temos algumas incógnitas. É melhor isso do que tudo bloqueado, mas ainda temos incertezas", afirmou o brasileiro. "Estamos preocupados com a falta de movimento nas negociações. A reforma da PAC é algo positivo, mas temos de ver como será traduzida para as negociações multilaterais", disse Supachai.