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Ondas de calor e os impactos agricultura

Intensidade das ondas de calor está se tornando um problema global crescente


Foto: Freepik

A intensidade das ondas de calor está se tornando um problema global crescente, com consequências impactantes para a agricultura, infraestrutura e saúde pública. Para entender melhor essas condições extremas que afetam o setor agropecuário e as medidas que podem ser adotadas para mitigar seus efeitos, João Pedro Cuthi Dias, engenheiro agrônomo pontuou importantes situações que devem ser vistas com atenção. 

Segundo Cuthi Dias, as ondas de calor intensas impactam diretamente a agricultura, especialmente em termos de produtividade e qualidade das colheitas. "Hoje, vemos temperaturas médias entre 10 e 12 graus acima do que eram em anos anteriores. Isso impacta de forma muito séria o clima. Teremos maior evaporação, chuvas mais intensas e períodos de seca prolongados", explica.

Ele destaca que no hemisfério norte, durante a época crítica para a produção agropecuária, culturas como a soja sofrem com o calor intenso. "A planta entra em estresse hídrico, precisando puxar mais água do solo. Se não ocorrer chuvas, a produção será negativamente impactada. No Centro-Oeste, nos últimos 90 dias, quase não choveu, enquanto no Sul choveu demais, prejudicando as lavouras de segunda safra de milho e a forragem para a criação de gado", diz Cuthi Dias.

Sobre a eficácia das apólices paramétricas e outras inovações do setor de seguros para enfrentar esses riscos, Cuthi Dias avalia que, devido à magnitude dos desastres, é difícil mensurar os impactos futuros. "O risco está cada vez maior e, consequentemente, as seguradoras ajustarão os preços ou incluirão salvaguardas, excluindo coberturas para determinados eventos climáticos. Isso não se aplica apenas aos seguros agrícolas, mas a todos os tipos de seguro", afirma.

Recentemente, ondas de calor intensas nos Estados Unidos resultaram em prejuízos bilionários. Cuthi Dias recomenda medidas para o setor se preparar e se proteger contra esses impactos. "É essencial que todos, urbanos e rurais, se preocupem com essa questão. A ciência precisa desenvolver variedades de plantas com raízes mais profundas e tolerantes a variações abruptas de calor. A previsibilidade climática mudou, e estamos batendo recordes de temperatura. Se não houver uma redução das emissões de carbono, a situação pode piorar ainda mais", alerta.

Ele lembra que, segundo o Acordo de Paris, um aumento de 1,5 grau na temperatura média global teria consequências imprevisíveis. "Já atingimos 1,45 grau, estamos na marca do pênalti em termos de aumento da temperatura média do planeta. Devemos cobrir o solo, manter palha, procurar materiais mais tolerantes ao calor e seca, e adotar alternativas para aumentar a resiliência. No entanto, as perdas continuarão ocorrendo", conclui Cuthi Dias.

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