O que você precisa saber sobre o sorgo
Cereal é o quinto mais cultivado no mundo e tem diversos usos, sendo opção na safrinha
O sorgo é uma cultura bem antiga, algo em torno de 6 mil anos. Com origem na região entre África e Ásia, só no século passado conquistou a agricultura e teve sua produção expandida. A cultura do sorgo granífero é bem mais recente, a partir do início da década de 70.
A planta de sorgo se adapta a uma ampla variação de ambientes e produz sob condições desfavoráveis quando comparado à maioria dos outros cereais. Devido a sua tolerância à seca é considerado como um cultivo mais apto para regiões áridas com chuvas escassas. Os usos são diversos: apresenta ampla utilidade na dieta alimentar humana, de forma direta (farinhas dos grãos) e indireta (na indústria de rações e volumosos em pastoreios diretos ou silagens para animais). O cereal é um componente importante do mix de insumos energéticos que entram na composição de rações para aves, suínos, bovinos, no segmento de pet food e recentemente na produção do bioetanol. É praticamente uma exigência do mercado que a indústria de alimentação animal dê preferência a grãos de sorgo sem tanino.
A cultura vem ganhando espaço na safrinha. O Brasil, na safra 20/21, estima 2.5 milhões de toneladas, um aumento de quase 4% em relação à safra passada. Mesmo com área menor, a produtividade ficou maior, passando de 2.991 kg/ha para 3.111 kg/ha. O maior produtor nacional é o estado de Goiás, com 1.2 milhão de toneladas e avanço de 17% nesta temporada, Ainda plantam sorgo outros doze estados.
O sorgo vem ganhando espaço na safrinha, especialmente quando a janela do milho fica apertada. A cultura é totalmente mecanizada e proporciona boa liquidez. Em relação às doenças, o sorgo apresenta menor incidência de micotoxinas nos grãos e baixo fator de reprodução de nematoides. No mercado goiano o sorgo está em uma média de R$ 63 a saca.
O Portal Agrolink conversou com Lucas Silveira, Líder de Portfólio de Sorgo da Corteva Agriscience, sobre o que o produtor deve saber sobre a cultura e suas vantagens.
Portal Agrolink: o que o produtor deve levar em consideração quando resolve plantar sorgo?
Lucas Silveira: a cultura do sorgo vem ganhando cada vez mais importância no Brasil, o País é o 9º maior produtor mundial. Na última safrinha, o sorgo granífero cresceu mais de 30% em área plantada no Brasil, segundo a APPS - Associação Paulista dos Produtores de Sementes e Mudas, e a previsão estimada é de 738,2 mil toneladas de produção na safra 2020/2021, de acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
O cereal é o quinto mais produzido em todo o mundo, atrás apenas do milho, trigo, arroz e cevada, e sua utilização é importante, principalmente, para a alimentação animal, mas também para a dieta alimentar humana na forma de farinhas sem glúten e para a produção de etanol.
Portal Agrolink: como é o manejo e rentabilidade? É preciso alguma adaptação ou compra de equipamento diferenciado?
Lucas Silveira: o cultivo do sorgo ocorre normalmente em plantio de safrinha após a colheita da soja, sendo o início da janela de plantio a partir de final de fevereiro e março, com colheita em junho ou julho. O manejo da lavoura é realizado praticamente com os mesmos implementos agrícolas que utilizamos em produção de soja e milho, não sendo necessários investimentos adicionais. Com o incremento de área plantada nos últimos anos, a cultura vem ganhando mais destaque e, com isso, novos produtos têm sido registrados para auxiliar no controle de pragas e doenças, buscando maiores índices de produtividade.
Aliado ao investimento em pesquisa pelas empresas de melhoramento genético, como a Corteva, na busca por híbridos mais adaptados e produtivos, a rentabilidade do sorgo vem ganhando destaque em meio aos produtores, que têm aumentado os investimentos com foco em adição de tecnologia, garantindo assim melhores produtividades por hectare.
Portal Agrolink: o sorgo pode ser boa opção na safrinha mesmo? Para que regiões?
Lucas Silveira: o sorgo é uma excelente opção para plantio na safrinha. Ele se encaixa como uma boa alternativa para plantio em regiões que possuem déficit hídrico. Ou seja, quando há redução na disponibilidade de chuvas, podemos incluir o sorgo no sistema de produção por permitir o cultivo com apenas 300 mm de água, enquanto o milho necessita de 600 mm.
A adaptação do sorgo é bem ampla, podendo ser produzido em diferentes regiões do Brasil, com grande destaque para plantios de safrinha nos cerrados. Segundo levantamentos da APPS - Associação Paulista dos Produtores de Sementes e Mudas, os estados de Goiás, Minas e São Paulo são os três principais produtores de sorgo do País, com ênfase ainda para o Mato Grosso e região do MAPITOBA. A característica de produção com volumes menores de água é o grande diferencial da cultura durante o desenvolvimento, principalmente, quando comparada a outros cultivos como milho, trigo e algodão.
Portal Agrolink:o que vale mais a pena: granífero ou para biomassa?
Lucas Silveira: estas são duas situações distintas que dependem do sistema de produção do agricultor e da intenção para o cultivo do sorgo, que poderá ser da produção de grão ou de grandes volumes de massa verde de planta. O produtor deve avaliar as condições de sua região para escolher a que mais se encaixa em seu sistema.
A Corteva atua no mercado de sorgo granífero, que tem como objetivo a produção de sorgo grão para venda como commodity, sendo muito utilizado para a produção de ração animal. Neste caso, os híbridos possuem porte baixo, com cerca de 1,2 a 1,35 metros, e alta produtividade de grão por hectare, sendo plantados em janela tardia de safrinha.
O sorgo biomassa tem objetivo de produção voltado para altos volumes de massa verde de planta, que serão utilizados para produção de energia, como o etanol. Aqui o porte de planta pode chegar a mais de cinco metros de altura para atingir o objetivo. Esta produção de sorgo biomassa pode ser uma alternativa aos períodos de entressafra da cana, entre março e abril, em que temos baixa disponibilidade de matéria-prima.
Portal Agrolink: como anda a evolução de híbridos de sorgo e que benefícios e inovações elas já trazem ao produtor?
Lucas Silveira: a Corteva Agriscience, por meio de suas marcas Brevant™ Sementes e Pioneer®, é líder em sementes de sorgo no Brasil e está reforçando sua atuação na cultura com investimento em pesquisa e ampliação do portfólio.
A Brevant™ Sementes apresenta o B1G255, lançamento para o mercado de produção de grãos. Um híbrido precoce, com alta estabilidade e teto produtivo, além de ótima sanidade para as principais doenças da cultura. Ele é indicado, especialmente, para as áreas do centro do Brasil. A marca conta ainda com dois híbridos consagrados como os mais vendidos no País (fonte: Spark - bip Sorghum Seeds 2020): 1G100, que garante ciclo super-precoce, e 1G233, com alta produção e ciclo precoce.
Já a Pioneer® lançou o 84G05, que possui um ciclo superprecoce, estabilidade com alto teto produtivo, que permite integração com híbridos de ciclo mais longo e escalonamento de plantio. Além dele, o portfólio da Pioneer® apresenta outros três híbridos:
- 50A60: precoce, com ótima sanidade e estabilidade produtiva, ideal para integração com híbridos de ciclo mais curto;
- 50A40: alta estabilidade produtiva e qualidade de grãos, recomendado para plantio com maior uso de tecnologia;
- 50A10: alta sanidade foliar e qualidade de grãos. A boa área foliar e rápido fechamento das linhas evita a matocompetição.