O que esperar do mercado da soja?
Nesta semana o clima na América do Sul continua sendo um fator observado com bastante atenção pelo mercado, diante da evolução do plantio em áreas importantes
Nesta semana o clima na América do Sul continua sendo um fator observado com bastante atenção pelo mercado, diante da evolução do plantio em áreas importantes. O fim do incentivo do governo da Argentina poderá levar a demanda para os Estados Unidos, e, consequentemente, pressionar Chicago para cima. Em contrapartida, o cenário macroeconômico de uma possível recessão continuará provocando uma saída dos ativos de riscos.
De acordo com a análise de Ruan Sene, analista de mercado da Grão Direto, o dólar deve continuar seu movimento de alta diante das incertezas econômicas mundiais. Caso Chicago continue sua tendência principal de queda e o dólar em alta, a semana poderá ser marcada, mais uma vez, por leves variações nos preços, em relação à semana anterior.
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COMO FOI A ÚLTIMA SEMANA?
A semana foi marcada por recuos generalizados em Chicago, causados -- principalmente - por preocupações intensas sobre uma desaceleração econômica global. Além disso, a divulgação dos números de estoques trimestrais acima da expectativa, cenários favoráveis para plantio na América do Sul e colheita nos Estados Unidos, também são fatores que impulsionaram a queda. O contrato com vencimento em novembro/2022, fechou a sexta-feira valendo U$13,66 o bushel (-4,21%).
Já o contrato com vencimento em março/2023, também fechou a semana no campo negativo, valendo U$13,83 o bushel (-3,60%). Após aumentos agressivos dos juros pelos bancos centrais, que até o momento não impactam no controle da inflação, há cada vez mais preocupações nos mercados financeiros, diante da possibilidade de uma recessão econômica severa. Consequentemente, isso poderá impactar diretamente o consumo de commodities agrícolas, entre elas, a soja. De acordo com o último relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na segunda (26/09), a colheita da soja norte-americana atingiu 8% da área plantada, contra 15% na mesma data do ano anterior.
Apesar de atrasado, isso não causou preocupações ao mercado, tendo em vista que a qualidade das lavouras a serem colhidas estão sendo mantidas. Enquanto isso, na América do Sul, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou que a produção de soja da Argentina deve subir para 48 milhões de toneladas em 2022/23, ou seja, um acréscimo de 15,5%. De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), no Brasil, a semeação segue acelerada, com o plantio de soja de Mato Grosso atingindo por volta de 6,30% da área projetada para a safra 2022/23 até sexta-feira (30/09). Na sexta-feira (30/9) também foi divulgado pelo USDA, os números referentes aos estoques trimestrais norte-americanos. O relatório trouxe 7,46 milhões, contra uma expectativa média do mercado de 6,72 milhões de toneladas, ou seja, 11,90% acima do esperado. O fator que contribuiu para esse resultado foi o incentivo de comercialização de soja na Argentina, que diminuiu a demanda da soja norte-americana.