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O papel dos fertilizantes na safra de milho: como a nutrição impacta a produtividade

Nitrogênio é o nutriente mais desafiador no manejo do milho



Foto: Divulgação

A cultura do milho se destaca pela alta demanda nutricional e grande potencial produtivo. De acordo com Tales Tiecher, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), engenheiro agrônomo e doutor em Ciência do Solo, "o milho é uma planta muito responsiva à adubação e apresenta um potencial produtivo em toneladas por hectare muito superior ao de outras culturas, como arroz, soja e trigo". Entretanto, alcançar esse desempenho exige um manejo eficiente e criterioso dos fertilizantes, especialmente para suprir as demandas de Nitrogênio, Fósforo e Potássio.

Segundo Tiecher, o nitrogênio é o nutriente mais desafiador no manejo do milho. “Diferentemente da soja, que realiza fixação biológica de nitrogênio (FBN), o milho depende totalmente do nitrogênio fornecido via adubação. Por isso, é crucial aplicar a dose correta, considerando fatores como a cultura antecedente, o teor de matéria orgânica do solo e os estágios de desenvolvimento da planta, especialmente V4 e V8.” O momento da aplicação é decisivo para evitar perdas e maximizar a absorção pela planta. “Se não houver chuva após a aplicação, o nitrogênio pode se perder por volatilização na forma de amônia. Por outro lado, chuvas muito intensas logo após a aplicação podem causar perdas por lixiviação na forma de nitrato.”

Uma solução destacada por Tiecher é o uso da ureia com inibidores de urease, que reduz significativamente as perdas por volatilização. “Essa tecnologia é um avanço importante. Em condições adversas, ela pode reduzir as perdas de nitrogênio de até 30% para cerca de 15%, aumentando a eficiência do fertilizante e diminuindo os custos de produção”, explica.

Análise de solo: uma prática indispensável

Apesar de ser uma prática básica, a análise de solo ainda é negligenciada em muitas áreas, o que compromete a eficiência da adubação. “É impressionante como, mesmo hoje, muitos agricultores ainda deixam de realizar uma análise adequada. Sem isso, é impossível determinar a necessidade real de nutrientes e corrigir problemas básicos de fertilidade”, ressalta o professor.

Tales cita dados preocupantes: “Um levantamento da CCGL realizado no Planalto do Rio Grande do Sul mostrou que apenas 10% das áreas analisadas apresentavam pH acima de 6. Isso é grave, pois solos com pH inferior a 5,5 possuem alumínio tóxico, que prejudica o crescimento das raízes, reduz a absorção de nutrientes e limita o potencial produtivo do milho.” A correção da fertilidade do solo é um ponto de partida indispensável para altos rendimentos. “Sem um solo bem corrigido, a eficiência da adubação é muito reduzida, e o desempenho da lavoura fica comprometido.”

Além de maximizar a produtividade, um manejo sustentável da adubação é essencial para a preservação ambiental e a viabilidade econômica do cultivo. “Adubar e corrigir a acidez com base na análise de solo evita desperdícios, reduz custos e garante a sustentabilidade do sistema produtivo”, destaca Tiecher.

É válido ressaltar a importância da rotação de culturas e do uso de plantas de cobertura. “A rotação com leguminosas, como a ervilhaca, é uma prática eficiente para adicionar nitrogênio ao solo de forma natural, reduzindo a necessidade de adubação nitrogenada, que é um dos insumos mais caros no cultivo do milho.” Ele complementa: “Plantas de cobertura também protegem o solo contra erosão, melhoram a estrutura física e química e aumentam a atividade biológica, criando um ambiente mais saudável para as próximas culturas.”

Tiecher conclui que o futuro da produção de milho está na integração entre práticas sustentáveis, tecnologia e manejo eficiente. “Combinando análise de solo, uso de fertilizantes avançados, como ureia com inibidores, e práticas sustentáveis, como a rotação de culturas, é possível alcançar altos índices de produtividade e garantir um modelo de agricultura mais eficiente e sustentável”, finaliza.

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