O caminho do Brasil rumo à autossuficiência na produção de trigo
Jorge Lemainski salientou a importância de fortalecer a utilização do trigo na indústria de proteína animal
O Brasil enfrenta desafios para alcançar a autossuficiência na produção de trigo. A cultura, nativa de climas temperados, encontra no clima tropical do país um obstáculo para sua produtividade e qualidade. A disponibilidade limitada de terras adequadas para o cultivo do grão, aliada à falta de acesso a tecnologias e práticas de manejo eficientes, são fatores que impactam no desenvolvimento dessa cultura.
Embora a produção tritícola esteja concentrada nos Estados da Região Sul, as novas variedades têm impulsionado a expansão das fronteiras do trigo, com o crescimento de áreas de cultivo em estados como Roraima, Ceará, Piauí e Maranhão. Projeções da Embrapa apontam que o Brasil poderá se tornar autossuficiente na produção de trigo nos próximos dez anos, com a expansão do cultivo no Cerrado do Brasil Central.
Paralelamente, os cereais de inverno, como trigo, aveia, centeio, cevada e triticale, surgem como opções promissoras para substituir o milho na formulação de rações e concentrados destinados à alimentação de suínos e aves. Pesquisas conduzidas pela Embrapa destacam a viabilidade nutricional e econômica desses cereais, além de seu potencial para reduzir a dependência dos insumos tradicionais e promover a sustentabilidade na produção animal.
O chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, enfatizou a colaboração entre produtores e avanços científicos que impulsionaram o aumento da produtividade nas lavouras de trigo. Ele ressaltou a importância de fortalecer a utilização do trigo na indústria de proteína animal, especialmente como substituto do milho na formulação de rações para suínos e aves.
Lemainski destacou a relevância do estudo conduzido, enfatizando que os resultados indicam a viabilidade de substituir o milho na dieta de suínos sem comprometer seu desempenho. Essa descoberta, segundo ele, representa uma mudança significativa no paradigma da produção de proteína animal, especialmente diante da crescente demanda por cereais no sul do Brasil. O impacto positivo da substituição do milho pelo triticale não apenas reduz a dependência de cereais importados, mas também oferece uma alternativa local e sustentável para atender às necessidades crescentes do setor de proteína animal.