O avanço do trigo no Cerrado
O trigo tem se destacado por sua capacidade de interromper ciclos de pragas
Diferentes cenários demonstram o avanço do trigo tropical no Cerrado brasileiro, consolidando sua importância na rotação de culturas e como solução para desafios agronômicos e econômicos. Com uma área cultivada estimada em 450 mil hectares na safra 2024, a triticultura tropical registrou crescimento expressivo, alcançando aumento de 119% na área e 95% na produção nos últimos sete anos, segundo a Conab. Esse avanço é impulsionado pelo desenvolvimento de cultivares adaptadas e pela assistência técnica especializada, especialmente em estados como Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal.
O trigo tem se destacado por sua capacidade de interromper ciclos de pragas e doenças que afetam culturas como feijão e soja, além de contribuir para a recuperação e manutenção do solo. Iniciativas como a da cooperativa Coopa-DF, que promove o trigo como parte essencial na rotação de culturas, refletem essa transformação. Além dos ganhos agronômicos, o cereal possibilitou a construção de um moinho e a ampliação do faturamento da cooperativa, evidenciando seu impacto econômico.
No cultivo irrigado, o trigo tem desempenhado papel estratégico em propriedades como a da família Bonato, em Goiás. Apesar dos desafios relacionados à brusone e à gestão hídrica, ajustes no manejo têm garantido produtividades altas, como 138 sacas por hectare no trigo irrigado em 2023. Além disso, a rotação com culturas como cenoura e alho demonstra como o trigo se integra a sistemas produtivos diversificados, trazendo benefícios mútuos às lavouras.
Entretanto, a seca permanece como um dos principais desafios no Cerrado, afetando especialmente o trigo de sequeiro. Em locais como a Fazenda Jaguarandi, no Mato Grosso do Sul, a baixa precipitação reduziu drasticamente as produtividades em 2023. Apesar disso, o trigo continua sendo uma aposta essencial na rotação de culturas, contribuindo para a sustentabilidade e resiliência da agricultura no Brasil Central. As informações são da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).