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MT pode ter safra comercial de trigo

Workshop levou informações técnicas a produtores rurais e mostrou viabilidade



Foto: Marcel Oliveira

A cultura do trigo começa a ganhar destaque em Mato Grosso. A vinda da indústria Moinho Dona Hilda para Cuiabá faz com que produtores rurais se interessem em produzir o grão com a garantia de demanda e preço. Para tratar das questões técnicas, foi realizado o 1º Workshop para Implantação da Cultura do Trigo em Mato Grosso na sexta-feira (13.12), em Primavera do Leste.

“A região tem 40 mil hectares de área com pivô, local ideal para a cultura do trigo. Por isso, decidimos conversar com os produtores rurais locais e mostrar toda a potencialidade que há em fazer uma terceira safra no Estado”, explicou o superintendente de Política da Agricultura e Pecuária da Sedec, Eldo Leite Gatass Orro.

A primeira demanda do moinho necessitaria de produção de 50 mil hectares de trigo. Porém, a expectativa dos técnicos dos órgãos envolvidos é que em dois ou três anos haja somente na região a produção em 20 mil hectares.

“O município e a região poderão se destacar como pólo logístico para distribuição com a futura instalação de um armazém da indústria”, disse João Antônio Sentchuk, diretor do Moinho Dona Hilda.

A indústria na capital mato-grossense terá a capacidade final para moer 300 toneladas de trigo por dia, mas iniciará sua produção com 150 toneladas por dia. A fábrica será instalada em 2021 com produção de 50% no primeiro ano e capacidade total em 2022. Neste período de instalação, o trigo produzido em Mato Grosso será transformado na fábrica do Paraná.

Para o início do trabalho no estado, há à disposição quatro mil sacas de sementes para o produtor rural. Os interessados em apostar nesta cultura terão o compromisso de compra da indústria.

Há atualmente seis variedades de trigos que se adaptaram ao solo e ao clima mato-grossenses e todas elas são de trigo melhorador, comparado ao argentino e utilizado na panificação. Além de opção para a renda do produtor rural, o pesquisador da Empresa Mato-grossense de Assistência Rural (Empaer), Hortêncio Paro, destaca que melhorará o solo no que se refere a controle de nematoides e pragas.

O pesquisador Gilberto Cunha, da Embrapa Trigo, explicou o zoneamento do trigo em Mato Grosso e as condições de produção do cereal. A empresa ainda revelou que há cursos já em andamento no Rio Grande do Sul, em parceria com cooperativas, para capacitar os produtores rurais.

Para o prefeito de Primavera do Leste, Leonardo Bortolin, o município tem condições de se tornar referência. “Podemos fazer desta cultura algo rentável para os produtores rurais e para toda a região trazendo desenvolvimento e gerando emprego e renda com a implantação do armazém aqui, que irá estocar e distribuir a produção”, afirmou.

O presidente do Sindicato Rural, José Nardes, relembrou que a cultura do trigo no município é desenvolvida pela família Borguette. “Neste ano, colheram 70 sacas por hectare, porém a expansão não foi possível por causa dos custos. Agora, eles serão reduzidos com a indústria em Cuiabá e também com desenvolvimento das áreas de pivô”.

“Incentivamos e discutimos as políticas produtivas e diversificação das culturas e, depois de todo o estudo, verificamos que não é só viável mas também eficiente para a rotação”, disse Afrânio Cesar Migliari, presidente da Associação dos Produtores de Feijão e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir).

O workshop foi uma realização da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), com apoio da Aprofir e do Moinho Dona Hilda e com a parceria da Empaer, Embrapa, Banco do Brasil, OCB MT, Câmara Municipal de Primavera do Leste e Prefeitura Municipal. 

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