MT: agricultoras transformam coco do babaçu em renda
Numa área de 2,4 hectares são colhidas mais de 18 toneladas de coco de babaçu
Agricultoras familiares da Comunidade Capa Mansa, localizada no município de Colniza (1.065 km a Nordeste de Cuiabá), estão realizando a extração do babaçu de forma manual para produção de farinha e óleo. A agricultora familiar Maria Nazaré Oliveira Almeida, proprietária do Sítio São Gabriel, produz mais de 50 quilos de farinha por mês com a extração do mesocarpo do babaçu e comercializa por R$ 30,00 o quilo. Também vende o óleo com a extração da amêndoa por R$ 120,00 o litro, garantindo mais uma fonte de renda.
A produtora, juntamente com a sua família, possui uma área de 24 hectares e tem como atividade econômica o cultivo de café e pecuária de corte. Ela conta que a palmeira do babaçu (Orbignya phalerata), planta nativa do cerrado, é retirada do seu quintal para produção da farinha e óleo. O processo leva pelo menos um dia para produzir cinco quilos de farinha de babaçu. “É difícil quebrar a amêndoa, mas já estou acostumada. Utilizo a minha própria técnica, e de 10 quilos de mesocarpo triturado retiro 5 quilos de farinha de babaçu”, explica.
Para produção da farinha, o coco babaçu é colhido na mata quando está recém caído de maduro de suas palmeiras, que crescem naturalmente nas florestas ou em meio às pastagens, sem receber agrotóxicos ou fertilizantes. Em seguida, retira-se a casca para deixar os flocos de mesocarpo (uma parte branca e fibrosa que fica entre a amêndoa e a casca) secando ao sol. Depois da secagem, o mesocarpo é processado, triturado e transformado em farinha.
Numa área de 2,4 hectares são colhidas mais de 18 toneladas de coco de babaçu. Nazaré comenta que desde 2016 trabalha com a comercialização da farinha que é consumida pela família e pela comunidade. A intenção é melhorar o processo e ampliar a produção. No local existem duas variedades de palmeira, a Rosa e a Branca. Segundo Nazaré, provavelmente no mês de março, a Associação das Mulheres estará em funcionamento com a finalidade de auxiliar na comercialização da farinha e do óleo.
A extensionista Social da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Conceição Santana Ribeiro, comenta que a extração do babaçu tem atraído as mulheres da comunidade, que podem aproveitar o mesocarpo para preparar alimentos como chocolate, mingau, biscoitos, bolos, pudins, cremes, cuscuz, massa para panqueca, salgados e outros. As mulheres estão sendo orientadas no aproveitamento do babaçu a utilizar técnicas de boas práticas na manipulação.
A farinha mais conhecida como pó do babaçu pode substituir o amido de milho para engrossar caldos, sopas e outros. O babaçu pode ser usado para fabricação de xaxim, estofados, embalagens e adubo orgânico, lenha e as amêndoas na alimentação e fabricação de cosméticos. Conforme Conceição, o produto pode ser um aliado da merenda escolar por ser rico em ferro, fibras e minerais. “A farinha é prática e muito versátil na cozinha”, enfatiza.