Um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Sul, Mário Lill, criticou a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não fazer reforma agrária na marra ou no tapa. Admitindo que o movimento esperava que um governo comprometido com os sem-terra desse ênfase ao assunto, Lill acabou comparando o presidente atual com o anterior e deixou escapar elogios a Fernando Henrique Cardoso. "Outras administrações que não tinham como prioridade a reforma agrária conseguiram fazer muito mais", disse ao jornal Correio do Povo.
Lill lembrou que Fernando Henrique Cardoso criou mecanismos para agilizar o processo de desapropriações nos primeiros anos de mandato. "Depois ele parou e nós esperávamos que o Lula retomasse o processo." O dirigente sem-terra considerou muito pouco o que a União fez no Rio Grande do Sul neste ano, apenas uma desapropriação que acabou anulada pelo Supremo Tribunal Federal na semana passada.
Diante da frustração pelo fracasso da desapropriação, Lill admitiu que as invasões voltaram à agenda do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no Estado. Reunidos no novo acampamento de São Gabriel, alguns líderes revelaram nesta segunda-feira que o movimento vai fazer um levantamento das áreas improdutivas. "Não estão descartadas as ocupações", destacou Lill. "Nós vamos fazer pressão aqui (em São Gabriel) e em outras regiões do Estado", prometeu.
Depois de desmontarem o acampamento que mantiveram durante dez dias no Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Caiboaté, em Santa Margarida do Sul, a dez quilômetros de São Gabriel, os ruralistas passaram a monitorar discretamente todos os movimentos do acampamento dos sem-terra a partir desta segunda-feira. Assim como fizeram ao longo do ano, eles mantêm o estado de alerta e dizem que podem se mobilizar rapidamente para impedir qualquer tentativa de invasão dos sem-terra.
Mas o Exército está monitorando o deslocamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de ruralistas para evitar um confronto em São Gabriel, no Rio Grande do Sul. Os militares também temem invasões de terra, já que possuem 2 mil hectares na região. O MST ampliou o acampamento montadosábado em área particular, pois querem ficar por tempo indeterminado. Os ruralistas adotam a mesma posição.
Em um ato público realizado em Santa Margarida do Sul, a cerca de 10 quilômetros de São Gabriel, um grupo de ruralistas gaúchos se comprometeu a adotar "tolerância zero" contra as invasões. Os ruralistas não divulgaram a "estratégia" para a sua atuação. Em São Gabriel, o MST fez uma manifestação com a CUT.