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Moinhos garantem a compra de todo trigo do Distrito Federal



O futuro do trigo irrigado no Distrito Federal já foi traçado. Ele segue o caminho dos outros estados da região Centro-Oeste, que saíram de pequenas produções e hoje possuem uma cadeia produtiva consolidada e um trigo de qualidade reconhecida. Na semana passada, os produtores debateram, durante o primeiro encontro setorial, a competitividade da produção local e o que deve ser feito para alavancar o cultivo do trigo. Com um detalhe a mais: ficou acertado um termo pelo qual os industriais se comprometem a comprar toda a produção de trigo do DF e Entorno.

"É uma espécie de marco inicial da produção de trigo no Distrito Federal", diz com entusiasmo o vice-presidente do Sindicato dos Moinhos de Trigo do Centro-Oeste (Sinditrigo), Marco Antônio Batista. Ele conta que está acontecendo no Distrito Federal e região do Entorno uma versão melhorada do que ocorreu em Goiás. No estado vizinho, a produção de trigo saltou de 18 mil toneladas em 2001 para 80 mil em 2003, de acordo com o Sinditrigo. Tudo isso graças a incentivos do governo goiano, qualidade do grão e acertos entre a cadeia produtiva.

Somente no Distrito Federal, segundo dados da Cooperativa Agropecuária do Distrito Federal (Coopadef), deve ser colhido algo em torno de 6,6 mil toneladas de trigo nesta safra, que já está em fase final de colheita. Se estes números forem somados ao da região do Entorno, constituída por municípios limítrofes, a produção salta para mais de 22 mil toneladas. E conforme acertado no encontro, tudo será comprado pelos moinhos da região. Assim, a expectativa é que o plantio para próxima safra aumente em mais de 20%, segundo dados da Coopadef. Hoje, a área plantada é próxima a 4,8 mil hectares e o preço do trigo está em torno de R$ 30 a saca.

"Ano a ano vem aumentado a produção, principalmente pelo fato de o trigo ser usado na rotação de cultura, ter uma boa remuneração e a disponibilidade de sementes para próxima safra ainda é maior", diz Kayla Goulart, agrônoma da Coopadef. O trigo do Distrito Federal vai ser utilizado para abastecer o mercado interno que, segundo dados do Sindicato das Indústrias de Alimentação, tem uma demanda estimada em 40 mil toneladas de trigo/ano.

"Faltam incentivos"

"O que nós queremos é um trigo de boa qualidade no DF. Faltam apenas incentivos para baratear os custos e produzir mais", diz Marcelo Menezes, presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentação. A sua opinião é compartilhada pelo Fórum de Competitividade da Cadeia do Trigo do Distrito Federal e Entorno, formado recentemente por produtores, beneficiadores (moinhos) e os consumidores (panificadoras). O Fórum, que começou a se reunir quinzenalmente, quer diminuir a dependência que a região tem do trigo importado, reduzindo o preço dos seus derivados.

"Falta sensibilidade ao governo. Tem que haver a mesma tributação sobre o trigo e derivados, tanto em Goiás como no Distrito Federal. Uma política tributária única", diz o vice-presidente do Sinditrigo. O secretário de Agricultura do governo Joaquim Roriz, Aguinaldo Lelis, afirmou que as condições de produção do trigo no Distrito Federal e Entorno são muito boas e que se o ritmo continuar assim pode-se triplicar a área plantada. Sobre a unificação dos tributos, ele afirma: "Nas conversas que tive com o secretário da Fazenda, ele se mostrou receptivo à idéia".

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