O Brasil espera começar a exportar entre 20 e 60 mil toneladas/ano de carne bovina in natura para os Estados Unidos a partir do primeiro semestre de 2004. A expectativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) se deve à conclusão, ontem (11-08), da terceira visita da missão técnica norte-americana que realizou a análise de risco para febre aftosa do rebanho brasileiro. Agora, os técnicos dos EUA vão elaborar um relatório sobre o diagnóstico feito no sistema de defesa animal do país. “Estamos otimistas em relação à abertura daquele mercado”, disse o diretor substituto do Departamento de Defesa Animal (DDA), Jamil Souza.
A certificação do sistema brasileiro de defesa animal pelos Estados Unidos, argumentou Jamil, não é importante apenas para autorizar, pela primeira vez na história, as exportações de carne bovina in natura para aquele mercado. “Essa decisão também pode contribuir para o Brasil ter acesso a outros países, como Canadá, México e Japão”, afirmou, lembrando que os EUA são um país altamente exigente sob aspecto sanitário e um grande comprador. “Por isso, eles acabam influenciando outros mercados.”
De acordo com o diretor substituto do DDA, o ideal para o Brasil seria ter uma cota ilimitada de exportação de carne bovina in natura aos EUA. “Mas quando se pede uma análise de risco quantitativo, temos que dizer quanto queremos exportar.” Ele espera que a missão conclua o seu relatório o mais rápido possível. Hoje, o país só comercializa o produto processado para aquele mercado. No limite, de 60 mil tonelada/ano, as vendas brasileiras para os Estados Unidos poderão ficar entre US$ 180 e 200 milhões por ano.
Dono do maior rebanho comercial bovino do mundo, com 183 milhões de cabeças, o Brasil tem 84% de território livre de febre aftosa com vacinação. Segundo Jamil, os técnicos norte-americanos ficaram satisfeitos com a transparência com que o Mapa apresentou os dados solicitados. Antes de voltar aos EUA, a missão recomendou ao governo brasileiro um reforço na vigilância nas áreas de fronteira, especialmente com a Bolívia e o Paraguai. “Há uma grande preocupação em relação à febre aftosa na América do Sul.”
Em sua terceira visita ao Brasil, a missão norte-americana, formada por técnicos do Serviço de Inspeção de Saúde Animal e Plantas do Departamento de Agricultura dos EUA (APHIS/USDA), percorreu o Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Rondônia. Dividida em duas equipes, ela visitou frigoríficos, postos de vigilância sanitária de fronteira, unidades de atenção veterinária, o porto de Santos e o aeroporto de Guarulhos de segunda-feira a sábado da semana passada.