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Missão brasileira negocia venda de carnes para a UE



Uma missão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) desembarca hoje em Bruxelas, na Bélgica, em busca da ampliação da área de exportação da carne bovina brasileira para a União Européia (UE) e derrubar barreiras ao ingresso de frango impostas após ser detectada a presença do antibiótico nitrofurano em carregamentos brasileiros.

No caso da carne bovina, a meta é habilitar à exportação para o bloco a produção em 355 municípios de Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul que estão em áreas reconhecidas como livre de aftosa com vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) desde o ano 2000. "Isso significaria agregar ao potencial exportador do Brasil cerca de 20 milhões de bovinos", diz o diretor do Departamento de Defesa Animal, João Cavalléro.

Próximo à fronteira

Os animais barrados pela UE estão em 288 municípios de Minas Gerais, 53 de Mato Grosso e 14 de Mato Grosso do Sul. No caso dos dois estados do Centro-Oeste, a restrição se deve à localização próxima à fronteira com a Bolívia e o Paraguai. "Os municípios de Mato Grosso do Sul estão impedidos de exportar à UE por causa de focos da doença no Paraguai, mas o Brasil já provou que os rebanhos estão livres da doença", diz o presidente do fórum permanente de pecuária de corte da CNA, Antenor Nogueira.

"Além disso, a fronteira da Bolívia foi declarada área livre da doença pela OIE", completa.

Em Bruxelas, onde permanecem até quinta-feira, os técnicos brasileiros também vão defender o fim da exigência da presença de animais rastreados nas propriedades por no mínimo 40 dias antes do abate. O argumento é que eles saem de áreas reconhecidas como livres de aftosa.

Mas essa não parece ser uma prioridade imediata para a CNA. Antenor Nogueira diz que o ingresso diário atual no banco do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov) gira entre 50 mil e 60 mil animais, o suficiente para a capacidade de abate. "E esse volume vai crescer a partir de dezembro, com o fim do período de entressafra", ressalta.

Durante a última missão sanitária enviada ao Brasil, a UE alertou que o Brasil precisa cumprir a determinação de identificação da origem e do abate dos animais. A visita a áreas credenciadas no Centro-Oeste e a frigoríficos da Bahia e do Tocantins, que desejam exportar carne para a Europa, foi marcada por ressalvas ao sistema de defesa sanitária, o que levou o secretário de Defesa Sanitária, Maçao Tadano, a alertar que o setor pecuário nacional precisa reforçar os trabalhos nessa área.

A outra frente da missão brasileira enviada a Bélgica, liderada pelo diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, Rui Vargas, vai tentar derrubar a exigência de análise de 100% das partidas de carne de frango exportadas para a Europa, o que atrasa o ingresso do produto no continente.

Antibiótico proibido

A condição foi imposta após ser detectada em abril nas remessas brasileiras a presença de nitrofurano, antibiótico proibido na UE. O ministério argumenta que o Brasil já realiza essas análises antes de a carne ser embarcada e que o País está implementando, desde fevereiro, um programa de monitoramento de metabólicos do antibiótico.

O nitrofurano também é o motivo da visita que Rui Vargas fará, após deixar Bruxelas, à Arábia Saudita, país com quem o Brasil também se comprometeu a adotar as regras de controle solicitadas pela União Européia (UE).

O ministério informa que o antibiótico foi identificado em carregamentos de frango enviados antes desse compromisso. Na Europa e na Arábia Saudita, os técnicos brasileiros vão usar programa de monitoramento das indústrias de frango, o uso de novas metodologias de diagnóstico e a proibição do uso do antibiótico como argumentos para sensibilizar os importadores.

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