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Milho safrinha depende da chuva

Segundo a Conab só o Paraná colherá 1 milhão de toneladas a menos



Foto: Eliza Maliszewski

Com o preço do milho batendo os R$ 100/saca os olhos dos produtores de grãos e cadeias como aves e suínos, estão voltados para a safrinha, que está em andamento. Grande parte deste milho foi plantado fora da janela ideal devido ao atraso na colheita da soja. Estima-se que 35% da área total fora do período recomendado pela área técnica.

Estados importantes na produção como o Paraná, segundo maior no grão no país, já contabiliza perdas pela estiagem em algumas regiões. De acordo com levantamento divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a previsão em março era de 13,552 milhões de toneladas na segunda safra. Em abril a projeção caiu para 13,483 milhões de toneladas e em maio queda ainda maior, fechando em 12,467 milhões de toneladas. 

Também é notada queda no Mato Grosso do Sul, que esperava 11,081 milhões de toneladas em abril e caiu para 10,359 milhões de toneladas. Mato Grosso, maior produtor nacional, a projeção se mantém para 36,1 milhão de toneladas.

Para a Conab a produção total do país deve alcançar 106,413 milhões de toneladas, avanço de 3,7%. O volume está acima do projetado no começo do plantio em fevereiro, quando eram esperadas pouco mais de 105 milhões de toneladas. A área total deve somar 19,8 milhões de hectares, alta de 7,3%. A produtividade estima queda de -3,3%, ficando em 5.355 kg/ha.

“As incertezas relacionadas ao clima irão nortear as informações e a conjuntura para o cereal, particularmente em maio, período decisivo para a definição da segunda e mais importante safra brasileira de milho, podendo estabelecer novas perspectivas para a produção brasileira na temporada 2020/21”, aponta a companhia.

O estoque final esperado em 2020/21 deverá ser de 10,9 milhões de toneladas, aumento de 2,5% em relação à safra anterior. O ajuste é explicado pelo aumento da produção total de milho em um montante superior ao aumento esperado para consumo agregado.

A Conab acredita que o suprimento nacional de milho, projetado neste boletim, comportará a demanda agregada ao longo de 2021 e permitirá um estoque suficiente para garantir o abastecimento nacional das cadeias agroalimentares e cumprir os contratos de exportação do cereal.

Veja como vai a segunda safra em alguns Estados

A área plantada para a segunda safra está estimada atingir 14.9 milhões de hectares, representando acréscimo de 8,8% em relação ao exercício anterior. A produção esperada é de 79.799,4 milhões de toneladas, representando incremento de 6,6%, comparado à safra passada.

Na Região Norte/Nordeste, o estímulo proporcionado pelas cotações impulsionou fortemente o plantio, com a área atingindo 1.697,7 mil hectares, aumento de 8,1% em relação ao exercício passado. O atraso ocorrido na semeadura acentuou o receio de comprometimento nos níveis de produtividades das lavouras, fato que ainda não atingiu as estimativas de produção, estimadas em 4.618,7 mil toneladas, incremento de 1,8% em relação à temporada passada.

No Maranhão, as lavouras estabelecidas na região sul, algumas semeadas no limite da janela ideal de plantio ou ligeiramente após a janela, seguem expressando um relativo potencial produtivo, encontrando-se no estádio de desenvolvimento vegetativo e, em sua maioria, em pendoamento. Nesse levantamento fica evidenciado que, a despeito do excesso de chuvas na implantação das lavouras do milho ocorreu um aumento de 10,1% na área plantada em relação à safra anterior, passando de 182,4 mil hectares, na safra 2019/20, para 200,9 mil, na atual.

No Piauí ocorreu forte aumento na área com relação à safra anterior, já que muitos produtores conseguiram implantar em áreas de soja ainda em outubro. Com isso, a colheita da soja foi antecipada, propiciando uma maior janela de plantio e em condições climáticas mais favoráveis. Até o momento, registra-se uma área plantada de 82,1 mil hectares, 155,8% superior ao da safra passada. São consideradas em boas condições 79% das lavouras, 16% em condição regular e 5% ruim. 

Em Tocantins foi registrado, nos últimos dias, bons volumes de chuvas nas principais regiões produtoras, principalmente na região centro-norte, onde concentram as grandes áreas cultivadas com o cereal. A longo prazo, o clima torna-se o principal fator de risco para o desenvolvimento da cultura, uma vez que 75% do milho foi semeado fora da janela ideal de plantio, ou seja, a partir do primeiro decêndio de março. Atualmente a cultura se encontra 100% no estágio de desenvolvimento vegetativo.

Na Bahia espera-se que as lavouras ocupem uma área de 40 mil hectares, com os plantios aproveitando os meses finais da estação chuvosa. Esse cultivo ocorre no extremo-oeste e não está contemplado no zoneamento agrícola, não dispondo de custeio agrícola e seguro.

Em Rondônia, a área cultivada será de 200 mil hectares, 7,5% maior que a safra passada, quando foram cultivados 186 mil. A lavoura está 100% plantada. Iniciou-se na segunda quinzena de janeiro, concentrando em fevereiro e finalizando na última semana de março. O nível tecnológico é alto, porque a maioria dos produtores plantam a soja e em seguida o milho. As lavouras implantadas estão em excelentes condições, uma vez que as chuvas no fim de janeiro e em fevereiro cobriram toda a região produtiva. 

Na Região Centro-Sul, estimulados pelas cotações e também pela ampliação dos prazos de plantio, determinado pelo zoneamento agrícola em alguns estados, o aumento na área plantada atingiu 13.271,1 mil hectares, incremento de 8,9% sobre o exercício anterior. A expectativa de produção se reflete numa aposta contra o clima, estimado agora atingir 75.180,8 mil toneladas, aumento de 6,6% em relação à safra passada.

Em Mato Grosso, com 40% da área plantada semeada fora da janela ideal, maio será determinante para medir o desempenho do milho em Mato Grosso. Até o momento, as lavouras têm apresentado desenvolvimento positivo, de modo geral, porém ainda será necessário aguardar um pouco mais para garantir seu pleno desenvolvimento. No que se refere aos aproximadamente 60% do milho plantado dentro da janela ideal, ou seja, até o final de fevereiro, há um consenso de que está salvo e com expectativa bastante elevada de produtividade devido também aos elevados pacotes tecnológicos empregados. O fato de o estado ter grandes dimensões, com heterogeneidade no clima e também no momento da semeadura, tende a mitigar o risco de quebra significativa e generalizada.

Em Mato Grosso do Sul, o principal problema com a cultura tem sido o clima, com aproximadamente 40 dias sem ocorrência de chuvas gerais. Há lavouras que foram semeadas no pó no início do mês e só vieram emergir na última semana de abril, quando receberam chuvas. Muitos produtores suspenderam a realização da adubação nitrogenada de cobertura, pois as plantas atingiram o estádio adequado para a operação, mas a falta de umidade reduziria sensivelmente o aproveitamento do nutriente. Apesar de o manejo fitossanitário ter evoluído em relação às safras passadas, a cigarrinha do milho está demandando atenção e outra praga que começa aparecer nas lavouras que iniciaram a fase reprodutiva é o pulgão do milho. Como as noites estão com temperaturas amenas, está ocorrendo formação de orvalho em grande quantidade, favorecendo o aparecimento da doença chamada turcicum, que provoca manchas foliares, reduzindo a taxa fotossintética das plantas. Esse fato vem forçando os produtores a reforçarem as aplicações de fungicidas no momento em que o clima não é adequado para a operação.

Em Goiás, o atraso no plantio, aliado à escassez de chuvas em abril, comprometeram as condições de desenvolvimento das lavouras. São relatados baixos volumes e desuniformidade de precipitações em muitos municípios. A distribuição da fase fenológica da cultura segue com 40% na fase vegetativa (até o pré-pendoamento), 40% na fase de pendoamento e 20% na fase de enchimento de grãos. O plantio tardio também tende a levar a um menor investimento do produtor em relação ao pacote tecnológico empregado na cultura. Em algumas localidades estima-se que cerca de 50% dos produtores devem fazer algum tipo de redução no volume de recursos empregados no cultivo, seja reduzindo o número de aplicações de agrotóxicos, seja com redução na adubação de cobertura. 

Em Minas Gerais a safra de milho está em expansão e trabalha-se com estimativa de área plantada atingindo 600,5 mil hectares, representando um espetacular crescimento de 33,2% em relação ao observado na safra passada. Ocorre que a janela de plantio está muito estreita, e este quadro inicialmente previsto pode ser transferido para o plantio de sorgo, feijão segunda safra e girassol. Por enquanto, os dados refletem o aumento originalmente pretendido, com o plantio totalizando 80% da área prevista.

Em São Paulo, o plantio foi encerrado, e a lavoura está em grande parte nos estágios de emergência e desenvolvimento vegetativo. Informantes reportam preocupação com a estiagem que se alonga no estado. A possibilidade de quebra na safra já é admitida, e a previsão de poucas chuvas reforça o pessimismo dos produtores.aumento significativo da área de 9,5% em relação ao exercício passado, motivado pelos bons preços do cereal.

No Paraná, devido à falta de chuvas de fevereiro em diante, as lavouras tiveram piora significativa na qualidade, apresentando estandes bem comprometidos e a quebra na produtividade já é dada como certa. Também há relatos de moléstias de enfezamento pálido e vermelho. O produtor paranaense não tem perfil de fixar vendas antecipadas em grande volume para o milho e nesta safra não foi diferente. Mesmo com os preços estimulantes, a comercialização mantém-se em torno de 15%

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