Milho continua em baixa no Brasil
A pressão de uma safrinha recorde continua influenciando sobre os preços internos
A média gaúcha fechou a semana em R$ 53,00/saco, enquanto as principais praças locais negociaram o produto a R$ 51,00. Já no restante do país, os preços oscilaram entre R$ 37,00 e R$ 50,00/saco. No ano passado, nesta mesma época, a média gaúcha era de R$ 84,11/saco, enquanto nas demais praças nacionais o milho girava entre R$ 68,00 e R$ 85,00/saco. Ou seja, nos últimos 12 meses o preço do cereal, aos produtores gaúchos, recuou 37%, enquanto nas demais praças nacionais o recuo varia entre 41% e 46%.
A pressão de uma safrinha recorde continua influenciando sobre os preços internos. Neste sentido, até o dia 1º de junho, apenas 1% da mesma estava colhida, contra 3% no mesmo período do ano anterior. É no Mato Grosso que a mesma se desenvolve no momento. Segundo o Imea, a colheita de milho 2022/23 havia atingido 1,26% da área total até o dia 02/06. Segundo o Instituto, a safrinha de milho daquele Estado, com a colheita recém iniciada, deverá atingir a 49 milhões de toneladas, contra a previsão de 47 milhões feita em maio. Ou seja, um aumento de 11,7% em relação ao ano anterior. Isso se deve a um aumento na produtividade média esperada, em 4,2%, que levará a mesma para 110 sacos/hectare.
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Aumento de área semeada e clima positivo estão na base deste resultado esperado. Enquanto isso, a Conab aponta que 83,2% da área total do milho de verão já foi colhida. Sobre a safrinha, a Companhia indica que a colheita ainda está lenta, nos níveis indicados anteriormente, sendo que 34,3% das lavouras estão em fase de maturação. Segundo a EarthDaily Agro, empresa que realiza o monitoramento das lavouras por satélite, via sensoriamento remoto, o fenômeno climático El Niño já está atuando nas áreas de produção de milho da segunda safra. Nas áreas que semearam mais tardiamente, como Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, as temperaturas mais altas diminuem a chance de geadas, que seria prejudicial para as lavouras, mas podem aumentar a evapotranspiração provocando a redução da umidade do solo. No Paraná, o índice de vegetação apresentou evolução muito ruim no ciclo atual, indicando comprometimento de produtividade em áreas das regiões leste e central do Estado. A seca registrada em março teve pouco impacto sobre as lavouras, uma vez que as plantações daquele Estado foram semeadas mais tarde neste ano, mas a seca ocorrida em maio parece ter limitado o potencial produtivo do milho. A deterioração do índice de vegetação nas últimas semanas reforça essa teoria. No entanto, o índice de vegetação permanece melhor, se comparado às safras de 2021 e 2020, quando houve forte quebra de safra nas duas regiões.
A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA