MG: cultivo de pitaya promete bons resultados para casal de produtores que migraram do meio urbano
Emater-MG presta assistência técnica no pomar da região Centro-Oeste
Uma experiência promissora na área de fruticultura está chamando atenção pelos bons resultados que vem apresentando, em São Sebastião do Oeste, na região do Centro-Oeste de Minas Gerais. Num terreno de 1,5 hectare, o casal Nedina Rodrigues Teixeira e Eliézer Oliveira Teixeira se prepara para a primeira safra expressiva de pitaya, no sítio que possui, no povoado de Marimbondo. O trabalho conta com orientação e acompanhamento técnico da Emater-MG, empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).
No local, os agricultores plantaram 1,7 mil pés da pitaya, também conhecida como fruta do dragão, pelo aspecto escamoso, que remete à ideia de ovos do animal mítico. Agora a expectativa é que o pomar produza, a partir de abril, no mínimo 3 mil quilos da fruta. No ano passado, a produção foi dez vezes menor, em decorrência de geada que atingiu a plantação, afetando a floração da planta. Esse ano, no entanto, a situação da plantação se mostra bastante favorável, segundo os produtores.
A técnica agropecuária do escritório local da Emater-MG, Nádia Machado, presta assistência à dupla. Ela calcula que cada pé de pitaya produza, em média, 20 frutos por planta e comemora o bom resultado. “Apesar de o pomar ter sentido bastante a geada do mês de julho de 2021, as orientações da Emater-MG relativas à análise do solo, poda e adubação ajudaram bem a plantação, e hoje eles estão esperançosos quanto à colheita dos frutos”, afirmou.
Parceira do marido, na atividade, a agricultora Nedina Rodrigues revela que a perspectiva é de uma colheita farta e que já está se preparando para expandir a comercialização. “A geada atrasou a floração, mas no mês passado florou tudo. As pitayas estão todas floradas e tem muita fruta. Estou entrando em contato com comerciantes, sacolões e supermercado. Eu até já entrego aqui no supermercado, à medida que elas vão amadurecendo. Ano passado, entreguei 300 quilos. A expectativa da gente é boa, esperamos colher pelo menos 3 mil quilos ou mais este ano”, disse.
A previsão de amadurecimento maior das frutas é para 10 de abril, segundo a produtora. “A gente já tá colhendo algumas, porque elas não amadurecem todas de uma vez, o que pra gente é até bom. O escoamento fica mais difícil se amadurecer tudo de uma vez”, explica. Por saber que a pitaya ainda não é tão conhecida do consumidor, Nedina fez uma degustação num supermercado da cidade para apresentá-la. “As pessoas ficam com um pouco de receio de comprar e não gostar porque não conhecem, e também porque é uma fruta mais cara”, justificou.
Pitaya
A pitaya é uma fruta da família dos cactos (Cactaceae), originária de climas tropicais e subtropicais da América. Sendo rica em fibras, cálcio, fósforo e vitamina C, a fruta costuma ser usada em dietas de emagrecimento. De sabor suave e doce é consumida in natura e usada no preparo de sorvetes, iogurtes, doces, geleias e sucos. Em cada espécie da planta os frutos apresentam variações de formas, cores e tamanhos.
As principais espécies cultivadas são: Selenicereus megalanthus (amarela de polpa branca), Hylocereus costaricensis (vermelha de polpa vermelha), Hylocereus undatus (vermelha de polpa branca) e Selenicereus setaceus – Baby (vermelha de polpa branca). A safra costuma ir de outubro a maio. As frutas se desenvolvem em ritmos diferentes. O mesmo pé pode ter, ao mesmo tempo, botões, flores e frutas. A flor da pitaya fica aberta de 12 a 14 horas.
Por ser uma planta rústica e resistente é considerada uma boa opção para quem está começando a praticar agricultura orgânica, urbana ou rural, o que parece se encaixar na experiência dos produtores de São Sebastião do Oeste. Comerciantes urbanos, eles moravam em Contagem, mas decidiram viver na roça. Compraram um sítio e optaram por investir na produção de algo que desse para o sustento da propriedade e gerasse boa renda para o casal.
“Nas pesquisas, Eliézer que também é técnico agropecuário viu que o cultivo de pitaya seria rentável, então decidiu investir na atividade”, contou a técnica da Emater-MG. De acordo com Nádia, o produtor gastou entre R$ 80 mil a R$ 100 mil na implantação do pomar de pitaya.
“Cheguei a conclusão que o cultivo de pitaya dá para o sustento da família e a minha expectativa quanto aos resultados é muito positiva”, afirmou o produtor Eliézer. No entanto, demonstrando cautela disse também: “ainda não sabemos se vai dar lucro pois essa é a primeira colheita e o investimento foi muito alto”, ponderou.
Outras atividades do casal são as vendas de frango caipira e de mudas de pitaya. A propriedade também tem um pomar de goiabas, que ainda não são comercializadas, conforme dados do escritório da Emater-MG local.
Produção
Minas Gerais tem produção anual de pitaya estimada em 229 toneladas e 58,7 hectares de área plantada. Só a agricultura familiar é responsável por 50,22% do total de produção do estado ou 115 toneladas da fruta, anualmente.