Método inédito quer evitar greening na Bahia
O estado é o quarto maior produtor de citros do Brasil e livre da doença
A Bahia é o quarto maior produtor de citros do Brasil e ainda está livre da huanglongbing (HLB), também conhecida por greening, ou amarelão dos frutos, a mais destrutiva doença da citricultura em todo o mundo e ainda sem controle definitivo.
Para continuar mantendo este status o Estado usa uma metodologia inédita para monitorar a entrada da doença. Trata-se da rota sentinela, cujo objetivo é a detecção precoce das bactérias causadoras do HLB, Candidatus Liberibacter (Ca.L.), em ninfas e adultos do inseto psilídeo Diaphorina citri, principal vetor de transmissão desses microrganismos.
A técnica é muito utilizada em estudos ecológicos e consiste na determinação de uma linha reta que atravessa uma determinada região para execução de amostragens. Elas foram instaladas em mais de 50 municípios baianos e são monitoradas em parceria entre a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Embrapa e Mapa. A detecção das bactérias é feita na Embrapa por testes de PCR em tempo real.
No estado baiano a rota sentinela envolve mais de 50 municípios. Desde 2011 foram criadas quatro rotas sentinelas positivas (com maior risco) e três negativas, que são percorridas trimestralmente por uma equipe de oito pessoas, entre engenheiros-agrônomos, fiscais agropecuários, técnicos e auxiliar de fiscalização. As de alto risco estão localizadas no Oeste, Chapada Diamantina, Recôncavo Baiano e Litoral Norte e abrangem 44 municípios. Já as negativas (baixo risco) estão na Linha Verde, no Litoral Sul e na Estrada do Feijão, totalizando oito municípios. Essas regiões não têm pomares citrícolas comerciais, mas têm diversos empreendimentos imobiliários e hoteleiros, além de muitos hortos, que comercializam a planta ornamental murta (Murraya paniculata), muito cultivada em jardins e praças públicas e hospedeira alternativa do HLB.
“Ao montar um plano de contingência para controlar doenças, é preciso pensar em três coisas: a detecção precoce dos vetores infectivos e de plantas doentes ou com sintomas e, depois, um plano para manejar o problema numa dada região. Por enquanto, ainda estamos na fase de pesquisa, mas é uma pesquisa que, ao mesmo tempo, é vigilância.
Os resultados é que vão dizer como vamos considerar no fim”, salienta o líder do pesquisador Francisco Laranjeira, chefe-adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA).
Além da captura trimestral do inseto-vetor nas rotas sentinelas — três vezes e meia mais abundante nas rotas positivas do que nas negativas — a Adab pretende implantar e monitorar duas ou três Áreas Regionais de Manejo (Armas) no Recôncavo, Chapada Diamantina e Litoral Norte para registrar a flutuação populacional do vetor e alimentar um Sistema de Alerta Fitossanitário, similar ao que o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), sediado em Araraquara (SP), já utiliza no cinturão citrícola paulista.
A equipe está usando um drone para os aerolevantamentos e a caracterização da paisagem citrícola. “Pretendemos estabelecer uma rotina quinzenal de monitoramento e popularizar a necessidade de adoção de práticas de manejo, em escala regional. Porém, antes, se fez necessária a validação de alguns dos 41 pontos georreferenciados por área, os quais foram selecionados com a utilização de mapas do Google Earth”, explica A fiscal estadual agropecuária Suely Xavier de Brito Silva.
Detectado no Brasil em 2004, o HLB está oficialmente confirmado nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná — os três maiores produtores de citros do País —, e já teve detecção de um caso isolado no Mato Grosso do Sul.