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Mercado do milho está em alta e pode faltar grão



Na apuração de Argemiro Luís Brum, Professor da UNIJUÍ - Universidade de Ijuí, RS, doutor pela EHESS de Paris-França, analista de mercado e pesquisador da CEEMA - Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário, a média na Bolsa de Chicago, em junho, ficou em US$ 2,12/bushel contra US$ 1,96 em maio, US$ 2,07 em todo o ano de 2001 e US$ 1,92/bushel em junho de 2001.

A média de junho já foi a mais elevada dos primeiros seis meses de 2002 e a mais elevada desde setembro de 2001. Além disso, ao contrário da soja, os preços do milho em Chicago apontam uma continuidade das altas para os meses futuros, sendo que para o primeiro trimestre de 2003 as cotações indicam um valor de US$ 2,60/bushel.

Por trás desse movimento, além da redução da área plantada, encontramos um aumento na piora das condições das lavouras plantadas nos EUA. De fato, no início desta semana, 12% das lavouras estavam entre ruins e muito ruins, contra 10% na semana anterior, 30% regulares contra 28%, 46% boas contra 49% e 12% excelentes contra 13% na semana anterior. Espera-se chuvas normais para esta semana que se inicia, fato que pode segurar as elevações nas cotações.

No mercado argentino, o preço FOB girou entre US$ 98,00 e US$ 100,00/tonelada enquanto o preço C&F ficou em US$ 106,00/tonelada contra US$ 103,00 na semana anterior. No Paraguai, o preço FOB subiu para US$ 85,00/tonelada após US$ 84,00 na semana anterior. Os preços argentinos acabam tornando proibitiva a importação por parte do Brasil, dificultando uma melhor oferta no mercado interno nacional e auxiliando na manutenção de preços elevados do cereal no Brasil. Para piorar a situação, os preços argentinos indicam um valor de US$ 103,00/tonelada para abril de 2003.

O mercado está atento ao relatório de oferta e demanda que sairá nesta semana, entre os dias 10 e 12 do corrente, pelo USDA. O mesmo poderá confirmar uma tendência de menor oferta nos EUA, com recuo dos estoques finais, fato que poderá pressionar para manter aquecida a cotação do cereal.

O mercado está estimando a produtividade do milho nos EUA, pelas condições atuais de clima, em cerca de 8.600 quilos/hectare. Isso levaria a produção final, considerando a área a ser colhida, em 250 milhões de toneladas, superando um pouco o que o USDA tem divulgado.

As vendas externas de milho por parte dos EUA foram de 1,01 milhão de toneladas na última semana de junho. Este volume foi considerado muito bom pelo mercado.

No geral, o clima continuará sendo, assim como na soja, o principal fator definidor das tendências de preços do milho em Chicago. E isso até o final de agosto próximo, quando a safra se define nos EUA.

Segundo o professor, no Brasil, os preços médios no Rio Grande do Sul, após a boa alta da semana anterior, acabaram recuando para R$ 13,95/saco, no balcão, ao produtor. Os lotes registraram comportamentos altistas em todas as praças do país, com exceção de Rondonópolis (MT). No Rio Grande do Sul, Erechim ficou com R$ 15,25/saco (em alta); Chapecó com R$ 15,35/saco (em alta); Cascavel com R$ 14,60/saco (em alta); Maringá com R$ 14,45/saco (em alta); Rondonópolis com R$ 10,25/saco (estável); Dourados com R$ 13,15/saco (em alta); Mogiana paulista com R$ 13,90 (em alta); Sorocabana paulista com R$ 13,90 (em alta); Goiânia com R$ 13,60/saco (em alta); e Uberlândia com R$ 13,50/saco (em alta).

Nem a entrada da safrinha, que começa a se consolidar neste mês de julho, evitou a alta generalizada dos preços do cereal. Até o dia 28/06 a safrinha já sido colhida em 8% da área nacional, com 29% no Mato Grosso e 11% em Goiás.

No Rio Grande do Sul, os preços CIF chegam a R$ 16,00/saco enquanto no oeste paranaense os mesmos registram R$ 15,00/saco. Isto se justifica pelo fato das importações estarem muito caras em dólares, além da forte desvalorização que o real sofreu nestas últimas semanas. Por outro lado, para piorar a situação, os preços de exportação voltam a favorecer as vendas externas, num momento em que temos menos produto no país. Fala-se de exportações, para entrega em agosto, a US$ 99,00/tonelada via Paranaguá.

Na região do Centro-Oeste grande parte dos produtores evitam vender abaixo de R$ 9,00/saco FOB embora existam ofertas ao redor de R$ 8,50/saco na região de Sinop (MT). No mercado do sorgo encontrou-se compradores nesta região a preços ao redor de R$ 7,00/saco FOB. A colheita do sorgo estaria iniciando agora para valer no Centro-Oeste brasileiro. Em Chapadão do Sul (MS), mesmo em início de colheita da safrinha, os preços permaneceram ao redor de R$ 11,50 e mesmo a R$ 12,00/saco. A Coréia do Sul esteve comprando milho não transgênico, inclusive do Brasil.

A média gaúcha, em dólares, chegou a US$ 5,14/saco ao produtor em junho/02 contra US$ 5,38 no mês de maio, US$ 3,40 no mês de junho de 2001 e US$ 3,92/saco na média geral do ano de 2001. Ao câmbio do final desta primeira semana de julho, a média de junho representa um preço de R$ 14,80/saco ao produtor gaúcho no balcão.

Houve leilão oficial para o Nordeste brasileiro com preços saindo, na região de Lucas do Rio Verde (MT), a R$ 10,04/saco. No Rio Grande do Sul, onde praticamente não há safrinha e houve forte quebra na safra, a oferta é escassa e o mercado permanece muito aquecido. Dificilmente os preços cederão, salvo importações de outras regiões do país já que o balizador externo, devido a forte variação cambial nacional, não pode mais ser considerado pela impossibilidade econômica de importar o produto da Argentina.

Para finalizar, diz o professor, destaca-se que o abastecimento de milho, até o início de 2003 se mantém preocupante no Brasil, com dificuldades evidentes na importação e um retorno nas exportações Enquanto o país importou apenas 85.122 toneladas no atual ano comercial (fevereiro/02 a janeiro/03) contra 546.516 toneladas realizadas no ano anterior e 2,13 milhões de toneladas importadas em 2000/01, as exportações deverão alcançar 1,1 milhão de toneladas neste ano comercial, contrariando toda a expectativa que se tinha inicialmente pois caminhando no sentido inverso da oferta e demanda nacional.

"Poderemos ter falta do produto em algumas regiões do país, especialmente no Rio Grande do Sul. Além disso, pela forte elevação dos preços da soja, puxados pelo câmbio e pelo atual movimento de Chicago, deverá elevar a área a ser plantada com a oleaginosa e novamente reduzir a área de milho. Sem falar que o plantio de feijão, outro produto que concorre com o milho pela área a ser plantada, igualmente se mostra estimulante já que o preço médio do produto se eleva. No Rio Grande do Sul, o mesmo terminou a primeira semana de julho valendo R$ 64,45/saco de 60 quilos ao produtor. Além disso, a demanda interna pelo milho ainda não deu sinais de recuo, embora o devesse fazer", afirma Brum.

A produção de frangos e suínos continua firme mas deverá, mais dia menos dia, se adequar à realidade de menor oferta do seu principal insumo que é o milho. Salvo poder repassar o aumento de custos aos consumidores, fato praticamente impossível, especialmente no caso do suíno que já vem com preços bastante defasados em relação aos demais produtos da agropecuária, sobretudo no Rio Grande do Sul.

Fonte: CEEMA/UNIJUÍ/RS

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