Mercado de capitais impulsiona o agronegócio nacional
A demanda robusta por crédito para custeio, investimento e comercialização na agropecuária brasileira tem sido um motor acelerado para o crescimento econômico
Foto: Pixabay
Por Luiz Antonio Pinazza
Engenheiro Agrônomo - agronegócio e sustentabilidade
Colaboração e revisão de Aline Merladete
O mercado de capitais brasileiro está testemunhando um avanço significativo no setor do agronegócio, impulsionado por um crescimento no estoque de títulos desta década. Luiz Antonio Pinazza, engenheiro agrônomo e consultor de sustentabilidade do Portal Agrolink, destaca a ascensão desse cenário e suas implicações para o setor.
A demanda robusta por crédito para custeio, investimento e comercialização na agropecuária brasileira tem sido um motor acelerado para o crescimento econômico. Nesse contexto, os financiamentos a juros controlados pelos Planos Safras Anuais, estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e Ministério da Economia, desempenham um papel crucial.
Os créditos para a agricultura familiar e empresarial apresentaram um crescimento significativo, saltando de R$236,3 bilhões em 2020/21 para R$236,3 bilhões em 2021/22 (6,73%) e, posteriormente, para R$340,8 bilhões em 2022/23 (36,1%). Projeções indicam um novo aumento para R$435,8 bilhões em 2023/24 (27,88%). Apesar dos esforços governamentais, recursos a juros livres foram incorporados, e nos últimos anos, as fontes provenientes dos mercados de capitais a juros livres têm complementado significativamente a oferta de recursos.
Considerando o período de novembro dos anos de 2021, 2022 e 2023, Luiz Antonio Pinazza destaca o desempenho notável dos títulos do agronegócio. O aumento foi expressivo, indo de R$357,62 bilhões em 2021 para R$684,69 bilhões em 2022 (91,46%) e atingindo R$897,06 bilhões em 2023 (31,02%). Um crescimento expressivo de 150,84% no horizonte de 2021 a 2023.
Pinazza ressalta também a inclusão do Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (FIAGRO) no mercado de capitais, que, em fase de audiência pública para regulamentação pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), cresceu de R$8,90 bilhões em novembro de 2022 para R$19,57 bilhões em 2023 (19,89%).
Em resumo, o ciclo de produção vivenciado pela agricultura foi altamente favorável, com condições cambiais, climáticas, de preços e custos favoráveis. No entanto, para 2024, a perspectiva aponta para a necessidade de maior eficiência na gestão dentro e fora da porteira. A combinação de recursos do Plano Safra e instrumentos financeiros do mercado de capitais fortalece a competitividade do agronegócio nacional, sendo um tema extenso e estratégico diante do cenário de integração comercial e mudanças climáticas extremas.
