Mercado da soja registra nova alta em Chicago
Nova alta em Chicago é impulsionada por clima no Brasil e tensões no Oriente Médio
Segundo a análise semanal da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), as cotações da soja em Chicago registraram nova alta nesta semana, refletindo o aumento expressivo no preço do óleo de soja e as dificuldades enfrentadas no plantio no Brasil devido às queimadas e condições climáticas adversas. O contrato com vencimento mais próximo, que havia alcançado US$ 10,53/bushel, encerrou a quinta-feira (26) cotado a US$ 10,41, contra US$ 10,13 na semana anterior. O óleo de soja apresentou um avanço significativo de 11,6% entre os dias 16 e 25 de setembro, impulsionado pelo aumento das tensões militares no Oriente Médio, que impactaram o preço do petróleo.
No que diz respeito à nova safra dos Estados Unidos, o cenário é positivo, com 13% da área já colhida até o dia 22 de setembro, superando a média histórica de 8% para o mesmo período. Além disso, 64% das lavouras não colhidas estão em condições boas ou excelentes, muito acima dos 50% registrados no ano passado. Entretanto, o avanço da colheita nos EUA poderá pressionar o mercado nas próximas semanas, principalmente se as chuvas retornarem ao Centro-Oeste do Brasil em outubro, normalizando o plantio.
No lado da demanda, as importações de soja pela China, provenientes dos EUA, subiram 70% em agosto em relação ao mesmo período de 2022. Esse aumento tem sustentado os preços em Chicago, apesar de o volume total adquirido da América do Norte ainda ser consideravelmente menor do que o importado do Brasil, que permanece como o maior fornecedor de soja para o gigante asiático.
As importações chinesas de soja brasileira somaram 10,2 milhões de toneladas em agosto, em um total de 12,1 milhões de toneladas adquiridas. Com o consumo interno enfraquecido, o excedente de soja na China cresceu consideravelmente. A expectativa é que, após as eleições presidenciais dos EUA, em novembro, o ritmo de compras diminua, especialmente se Kamala Harris vencer, o que poderia reduzir o temor de novos embargos comerciais contra a China.
Enquanto isso, as importações brasileiras de soja somaram 53,8 milhões de toneladas nos primeiros oito meses do ano, um aumento de 217% em comparação com o mesmo período de 2022. Por outro lado, a China importou 12,8 milhões de toneladas de soja dos EUA, uma queda de 73% em relação ao ano anterior.
Em outro cenário, o Paraguai vem se destacando como o principal fornecedor de soja para o Brasil. Entre janeiro e agosto, o país vizinho exportou 781 mil toneladas para o Brasil, comparado às 88 mil toneladas no mesmo período do ano anterior. A maior parte dessa oleaginosa foi destinada às indústrias do Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. No entanto, as operações de transporte enfrentam desafios logísticos devido aos baixos níveis dos rios, principalmente no Paraguai. O rio Paraguai atingiu, no dia 9 de setembro, seu menor nível em 120 anos, marcando 86 cm abaixo do nível zero no porto de Assunção.
Na Argentina, as projeções para a colheita de soja em 2024/25 indicam uma produção de até 52 milhões de toneladas, conforme a Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Para o milho, a expectativa é de 47 milhões de toneladas e, para o trigo, 18,6 milhões.