"Infra-estrutura é sinônimo de futuro". Assim se referiu o presidente Luis Inácio Lula da Silva à necessidade de investimentos nos portos brasileiros, ontem, durante a reinauguração do Terminal Açucareiro da Copersucar, em Santos. "Este terminal é um exemplo disso", afirmou, defendendo que uma maior eficiência nos portos é necessária para não perder a produtividade verificada no campo. Citou como mau exemplo as filas de caminhões de até 75 quilômetros para descarregar grãos no Porto de Paranaguá, no Paraná.
Ao contrário do que era esperado, o presidente da República não anunciou nenhuma nova medida para o porto santista, mas defendeu a retomada da dragagem, suspensa junto com outras obras do Ministério dos Transportes, e reafirmou que o projeto das perimetrais está bem encaminhado. Muitos se perguntavam o por que da presença do presidente em um terminal que já opera desde 1998, cujo evento foi divulgado como inauguração. A resposta veio nas entrelinhas, da boca do próprio presidente.
"É preciso lembrar algumas conversas que tivemos antes, durante e depois das eleições com o setor açucareiro. Nós dizíamos que era preciso que o governo perdesse a vergonha de conversar com os homens que produzem álcool e açúcar neste País e mantivesse relações democráticas", numa referência a críticas ao setor.
Do lado do presidente da Copersucar, Homero Arruda Filho, a resposta não foi menos enfática. "A atenção do seu governo nos estimula. Seu governo é profundo conhecedor do regime de safra e entressafra", referindo-se aos reajustes do álcool e às críticas que o setor sofre nestas ocasiões.
A visita presidencial teve o papel de chamar a atenção para o financiamento de R$ 56 milhões e 400 mil liberados pelo BNDES para a Copersucar, anunciado no início de julho. Conforme o presidente da cooperativa, 70% dos investimentos no terminal foram de verbas do BNDES. O complexo consumiu US$ 50 milhões até o presente momento. A primeira fase, a partir de 98, correspondeu à construção do terminal para o produto ensacado.
O projeto está na segunda fase, com a abertura de um silo graneleiro, já em funcionamento desde o primeiro semestre. A terceira fase corresponderá à ampliação de mais um armazém com capacidade para mais 109 mil toneladas do produto a granel.
A área total da empresa no Porto de Santos é de 50 mil m2, com três armazéns externos para ensacados, com capacidade para 45 mil toneladas e um silo para 79 mil toneladas a granel. Completada a terceira fase, a capacidade de embarque chegará a 3,3 milhões de toneladas/ano.
Com os investimentos já realizados, a Copersucar tem atualmente capacidade anual de embarque de 2 milhões de toneladas de açúcar. A cooperativa é hoje uma das maiores empresas privadas de exportação do produto no mundo, ficando até mesmo à frente de países inteiros, como Índia, África do Sul, Colômbia e Guatemala, tradicionais exportadores do produto. A contribuição das exportações da empresa para a balança comercial brasileira foi de US$ 330 milhões no ano passado.
Segundo o presidente Lula, o setor da cana-de-açúcar gera 1 milhão e 400 mil empregos diretos no Brasil. Ele defendeu ainda a quebra do protecionismo, principalmente europeu, para melhorar a inserção do produto brasileiro lá fora. "A União Européia impõe para seu consumidor local um açúcar três vezes mais caro do que o Brasil pode oferecer". No entanto, afirmou que é preciso melhorar a eficiência exportadora do país em todas as áreas.