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Lavouras de milho começam a dar sinais de recuperação no PR

Após um longo período de chuvas, o ciclo do milho voltou ao normal



Ponta Grossa - Depois de um período de plantio interrompido pelo excesso de chuva e de uma germinação e desenvolvimento vegetativo dificultados pelo frio e falta de luminosidade, as lavouras de milho começam a dar sinais de recuperação. As plantas estão com porte normal - chegando a ultrapassar os dois metros de altura - e começando a apresentar as primeiras espigas (embonecar). O engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural do núcleo regional da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Deral/Seab), José Roberto Tosato, explica que a cultura passa agora por seu momento mais crítico, uma vez que está em fase de floração e frutificação. O quadro atual é 30% a 35% da área total da região em fase de frutificação, 40% em floração e os 30% restantes em desenvolvimento vegetativo. Segundo Tosato, para um bom desempenho das plantas, são necessárias as condições ideais de clima, que incluem, principalmente, chuvas menos espaçadas. “A frutificação precisa de mais chuva, porque é o período em que começa a formação da espiga no pé e o enchimento dos grãos”, declara. “Agora estamos entrando no verão, o clima está melhorando. A estiagem que deu no ano passado prejudicou a soja porque veio bem no período crítico. Foram perdidos entre 25% e 26% da produção. Tosato lembra que o transtorno com o excesso de frio, chuva e falta de luminosidade praticamente já acabou. O quadro do trimestre agosto, setembro e outubro, de muitas chuvas, frio e falta de luminosidade, atrapalhou a conclusão do plantio e chegando a impedir a germinação e o desenvolvimento vegetativo da planta. Essa situação foi normalizada no mês de novembro, que teve mais dias de sol, calor e luminosidade. “A cultura se recuperou bastante e está se recuperando devido às condições de calor”, diz. Se por um lado as lavouras sofreram com o excesso de água no início do plantio e germinação, agora, o momento é de apreensão pela demora das chuvas chegarem com mais intensidade. “O que está faltando é chuva. Se demorar para vir chuva, começa a reduzir a produtividade”, assinala Tosato. O produtor Roberto Bührer concorda. Ele, que destinou 300 hectares ao milho, destaca que no início as chuvas atrasaram o plantio, já que não era possível colocar o maquinário na lavoura. “Mas agora está normal. Aliás, já está se ressentindo um pouco por falta de chuva, mas não é nada grave”, avalia. Ele acredita que para que a safra fique dentro das expectativas o ideal é que a cada período de sete a oito dias ocorram chuvas. “Agora o ideal é sol, calor e chuva à noite. É isso que o milho precisa para concluir o ciclo”, complementa Tosato. Ele avalia que devido ao período sem chuvas porque passa a cultura, algumas lavouras já estejam sofrendo com ataques de lagarta cartucho. A praga ataca a parte alta da planta, normalmente antes da floração, e come e fura toda a planta. “A única coisa que controla isso é bastante chuva, é um controle natural. Mas também não é um ataque significativo”, ressalta. Áreas isoladas apresentam perdas de até 15%: Embora a média seja de recuperação praticamente total da lavoura, algumas áreas já apresentam perdas confirmadas devido ao atraso no plantio, excesso de chuvas, frio e falta de luminosidade. É o caso do produtor Roberto Bührer, que embora avalie que o ciclo da cultura normalizou, acredita que uma parcela da produção já foi perdida. “Se o tempo permanecer normal, as perdas são de 6% a 7%”. Segundo o produtor, o plantio dos 300 hectares com milho ocorreu entre 8 de setembro e 22 de outubro - em condições normais, a mesma área seria cultivada em cerca de 20 dias. “Foram mais de 40 dias para plantar e isso pode prejudicar a produtividade. Não tem como falar com precisão, mas nos baseamos nos 30 anos passados. O milho de setembro produz melhor. E nós conseguimos plantar um terço em setembro e dois terços em outubro. O milho cresce muito se plantado em outubro e tomba muito na lavoura, se houver muita ventania quando já estiver seco”, avalia. Conforme Bührer, o milho plantado em setembro já está embonecando e está com cerca de dois metros de altura. Já o que foi plantado mais tarde atinge entre um metro e um metro e meio. José Roberto Tosato acrescenta que é possível que algumas áreas não tenham se recuperado rapidamente, devendo florescer com porte inferior ao normal. “Isso certamente trará uma redução de produtividade, porque dá uma espiga menor. Mas ainda é cedo, temos que esperar um pouco mais para saber o que vai se concretizar. A cultura ainda não está consolidada”. Tosato lembra que municípios como Tibagi e Arapoti, onde o sol incide mais cedo que em Ponta Grossa, por exemplo, são uma região privilegiada. A cultura tem melhores chances. “Aqui, em Ipiranga e em Castro, agora que deslanchou bem”. O engenheiro agrônomo Rogério Macedo Carneiro também concorda que algumas em áreas há um percentual de perdas confirmado. Ele atende um grupo de produtores da região, chamado Grupo dos 13, e acredita que em 15% da área cultivada as plantas não nasceram, sofreram atraso no plantio, a população ficou menos densa (menor número de plantas por hectare). “A melhor época de plantio é setembro, mas teve gente que conseguiu terminar de plantar em novembro”, diz, ao lembrar que o milho prefere noites mais frias. Quando o plantio entra em outubro e novembro, as noites vão ficando mais quentes e o milho gasta mais energia para produzir. Além disso, o plantio tardio facilita a entrada de doenças. Produtores têm perspectiva otimista: Se há produtores que já começam a contabilizar perdas, há também aqueles mais otimistas, que acreditam que a cultura conseguiu se recuperar e, se as condições climáticas permanecerem favoráveis, a produtividade deverá ficar dentro do esperado. Manoel Pereira, que cultivou 300 hectares com milho, acredita que as lavouras conseguiram se recuperar bem do período climático desfavorável ocorrido no plantio. “A situação era de todo dia vinha uma tempestade. E isso assustou os produtores. Mas agora a coisa está diferente”, diz. Para ele, a única apreensão agora é a falta de água. Ele acredita que se dentro de 15 dias não ocorrerem chuvas mais fortes, a lavoura começará a apresentar perdas. “ Se não chover nos próximos 15 dias, começa a dar quebra na produção. E não é uma situação só dos Campos Gerais, mas do sul do Brasil”, avalia. Pereira explica que a produtividade da região fica geralmente entre 7 e 8 toneladas por hectare. “O estágio de hoje é normal. Se vier volume de chuva normal, a safra está redonda”, pontua.

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