La Niña e dólar a R$6,07: o que esperar do mercado da soja
A valorização do dólar, que atingiu R$6,07 na última semana, gerou impacto direto
As recentes movimentações no mercado de soja refletem um cenário desafiador e de oportunidades. Segundo análise da Grão Direto, diversos fatores têm influenciado o comportamento do mercado, incluindo uma queda expressiva nas exportações, oscilações cambiais e previsões climáticas que podem alterar a dinâmica global da commodity.
Exportações despencam 67% em novembro
De acordo com dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), a exportação de soja brasileira foi revisada para baixo, com expectativa de alcançar apenas 1,24 milhão de toneladas em novembro. Esse volume representa uma queda de 67% em comparação ao mesmo período do ano passado.
A redução nas exportações reflete, em parte, a menor competitividade no cenário internacional, somada a estoques ajustados em alguns mercados compradores.
Safra avança no Rio Grande do Sul, apesar de desafios
No Brasil, o plantio avança, com destaque para o Rio Grande do Sul, que já semeou 80% da área projetada. As chuvas recentes têm beneficiado a cultura, mas a irregularidade da umidade em novembro trouxe desafios aos produtores gaúchos.
Valorização do dólar gera oportunidades e impacta custos
A valorização do dólar, que atingiu R$6,07 na última semana, gerou impacto direto no mercado de soja. Por um lado, a alta cambial favoreceu a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional e impulsionou os preços internos. Por outro, os custos de produção também subiram, pressionando margens de lucro.
Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para janeiro de 2025 encerraram a semana com alta de 0,40%, cotados a US$9,95 por bushel, enquanto o vencimento de março/2025 fechou em US$10,00 (+0,30%).
Previsões climáticas e impactos na Argentina
As chuvas de novembro foram benéficas para as lavouras argentinas. Contudo, a possível chegada do fenômeno La Niña, que historicamente reduz os índices pluviométricos, pode comprometer a safra local. Caso se confirme entre dezembro e fevereiro, o fenômeno poderá trazer volatilidade aos preços globais, especialmente na Bolsa de Chicago.
Produção brasileira rumo a um novo recorde
As projeções da Conab e do USDA indicam que o Brasil está a caminho de mais uma safra recorde em 2024/25. A Conab prevê uma produção de 166,14 milhões de toneladas (+12,5% em relação à safra anterior), enquanto o USDA estima um volume de 169 milhões de toneladas. Ambas as instituições destacam a expansão da área plantada e as condições climáticas favoráveis como fatores determinantes.
Perspectivas
Com os dados atualizados, o mercado interno deve continuar sendo influenciado pela força do dólar e pela oferta global. No curto prazo, espera-se desvalorização dos prêmios no mercado disponível e pressão baixista para a safra futura.