Insetos benéficos atuam no controle da principal praga do milho

O ‘Grão em Grão’ dá sequência à série de matérias sobre agentes de controle biológico e mostra outros importantes inimigos naturais da lagarta-do-cartucho, reconhecida como principal praga do milho no continente americano. Nesta edição, vamos conhecer dois parasitoides de ovos que são comumente chamados de vespinhas.

Muitos produtores rurais veem os insetos em geral como seres nocivos. Sem conhecer as particularidades de cada um, pensam logo em eliminá-los de suas lavouras e, para isso, fazem uso de produtos químicos. Dessa forma, muitas vezes, eliminam também aqueles que são benéficos, os inimigos naturais de pragas.

O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Ivan Cruz, explica que existem as espécies fitófagas com capacidade de reduzir os rendimentos da planta diretamente em função de sua alimentação, como é o caso da lagarta-do-cartucho. E existem outras espécies de insetos que podem ser usadas como agentes de controle biológico porque reduzem a densidade das fitófagas. “A maior ou menor presença desses agentes depende, dentre outros fatores, das práticas agrícolas utilizadas. A simples mudança de um produto químico de amplo espectro de ação por um inseticida seletivo pode aumentar significativamente a presença dos agentes de controle biológico”, relata Ivan.

Existe um complexo de inimigos naturais da lagarta-do-cartucho já identificados e que podem ser divididos em dois grupos: parasitoides e predadores. Entre esses agentes, há um interesse particular pelos parasitoides, agentes que têm pelo menos uma de suas fases de vida associada à praga, que é tratada como hospedeiro do inimigo natural. Esse interesse pelo uso dos parasitoides para controle biológico se deve à sua eficiência e especificidade em relação aos hospedeiros.

Existem espécies que parasitam ovos e outras que parasitam lagartas ou pupas da praga. É importante conhecer esses insetos e seus locais de incidência para poder estabelecer estratégias de manejo integrado de pragas (MIP). A seguir, são apresentadas duas espécies de parasitoides exclusivos de ovos conhecidos como vespinhas.

Segundo Ivan Cruz, os parasitoides exclusivos de ovos, ou seja, os que atuam somente nessa fase da praga, são considerados os mais importantes agentes de controle biológico. Primeiro, por evitarem que a praga provoque qualquer tipo de dano à planta. Segundo, por terem sido facilmente criados em larga escala (por biofábricas), sendo, assim, disponíveis comercialmente.

Vespinha

Telenomus remus (Hymenoptera: Scelionidae)

O adulto mede entre 0,5 mm e 0,6 mm de comprimento e apresenta o corpo preto e brilhante. A duração média do ciclo, da colocação do ovo até a emergência do adulto, é em torno de dez dias. Após o desenvolvimento, o adulto perfura um pequeno orifício no ovo do hospedeiro por onde emerge. Esse parasitoide apresenta alta especificidade para lagarta-do-cartucho, e suas fêmeas parasitam mais de 250 ovos durante seu período de vida.

Vespinha

 

Trichogramma spp. (Hymenoptera: Trichogrammatidae)

São insetos muito pequenos, com dimensões inferiores a 1 mm. A fêmea faz a postura dos ovos no interior do ovo de seu hospedeiro. Dentro de algumas horas, nasce a larva, que se alimenta do conteúdo do ovo do hospedeiro. Todo o ciclo do parasitoide se passa no interior do ovo da praga. Deste, sai a vespa adulta que, de imediato, inicia o processo de busca de uma nova postura para continuar a propagação da espécie.

Biofábricas criam e disponibilizam Trichogramma. A vespinha é comercializada em cartelas com o inseto na fase de pupa, acondicionadas em sacos plásticos. Cada cartela contém subdivisões (com cerca de 2.100 ovos de Trichogramma) que podem ser colocadas na própria planta. As informações são de assessoria de imprensa.