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Indústrias investem no leite funcional


Para combater estagnação, empresas de laticínios optam por produtos de maior valor agregado. O mercado brasileiro de leite se manteve praticamente estagnado no primeiro semestre deste ano, se comparado ao desempenho de igual período do ano passado. Estimativas iniciais da Leite Brasil, entidade que reúne produtores, apontam retração de 0,2% na produção entre janeiro e junho. Com base no resultado do primeiro semestre, a entidade projeta produção de 20 bilhões de litros em 2003. Se confirmado, o volume será 4,7% menor que os 21 bilhões de litros produzidos em 2002.

O faturamento da cadeia -estimado em R$ 17 bilhões em 2002 - deve ser repetido este ano. "Os preços nominais pagos ao produtor cresceram, em média, 20% este ano", explica Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil. O aumento dos preços dos insumos, entretanto, comprometeu a rentabilidade da cadeia. "O consumo "per capita" do Brasil continua estagnado entre 112 e 115 litros por habitante por ano, situação que inviabiliza o repasse de preços ao consumidor final e, conseqüentemente, compromete a margem de lucro da atividade", avalia Rubez.

Valor agregado

Para driblar as baixas margens, algumas empresas, a exemplo da Parmalat e da Elegê, líderes de mercado no Brasil, respectivamente com 18% e 9% de participação, estão investindo em produtos de maior valor agregado.

A aposta da Parmalat é o mercado de leites funcionais que, embora ainda pequeno - com apenas 3% das vendas de leites longa vida -, é promissor para a indústria. O preço final é, em média, entre 30% e 50% maior que o de um UHT (longa vida) convencional. "Acredito que, em dois anos, esse mercado pode chegar a 5% das vendas de UHT no Brasil", afirma Antônio Fay, diretor da unidade de negócio leites e refrigerados da Parmalat. Ele acredita que parte dos consumidores do leite integral migrará para os leites funcionais.

No mercado de funcionais estão leites com vitaminas como A, C, ferro, cálcio e ômega 3. "O mercado de leites com ingredientes funcionais tem um enorme potencial porque o consumidor vê no produto a oportunidade de suprir eventuais deficiências em sua dieta vitamínica", diz.

Apostando neste mercado de leites especiais, que na Espanha representa 15% das vendas de longa vida, a Parmalat deu uma nova roupagem a seus produtos. O Zymil, o longa vida com baixo teor de lactose, será agora vendido somente na versão Natura Premium (garrafa) que, segundo a empresa, é uma tecnologia que preserva mais o sabor de leite fresco. "A embalagem é um canal de comunicação. Descobrimos que, no caso do Zymil, a garrafa funciona melhor que a caixinha", diz Fay.

Na reformulação de sua linha, a Parmalat está investindo R$ 10 milhões em marketing, desenvolvimento de produtos e embalagens. O plano é segmentar ainda mais a linha. "Diversificando a produção, cercamos o consumidor por todos os lados", diz.

A Elegê também mantém ampla linha de bebidas lácteas, leites longa vida UHT e leites saborizados UHT. Em 2002 a companhia recebeu 711 milhões de litros de leite para industrializar em suas 5 fábricas instaladas no Rio Grande do Sul e atualmente é a quarta maior empresa de laticínios do País, com capacidade para processar 4 milhões de litros de leite por dia.

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