John Deere e Valtra investem no aumento da produção para atender mercados interno e externo. As indústrias fabricantes de máquinas agrícolas (tratores e colheitadeiras) apostam que o setor esse ano deve manter o mesmo ritmo de desempenho registrado em 2002. As boas perspectivas para as exportações de commodities, além da alta nos preços internacionais e a implantação do Programa Fome Zero são apontados como fatores fundamentais de incentivo à agricultura nacional para 2003.
Já pensando nos resultados dos próximos anos, algumas empresas começaram a retomar os investimentos no Brasil, não apenas com o objetivo de atender à crescente demanda do mercado doméstico, mas principalmente visando o disputado mercado internacional.
"O Brasil domina todas as técnicas de produção em terrenos tropicais e esse motivo é suficiente para justificar os investimentos que fazemos aqui", afirma Paulo Renato Herrmann, diretor de marketing da John Deere do Brasil.
Investimentos no Brasil
A empresa de origem norte-americana, inaugurou ontem um investimento de US$ 12,5 milhões em um novo sistema de pintura. Com o sistema a capacidade de produção da fábrica de Horizontina (RS) - principal unidade da empresa, que também possui fábricas em Catalão (GO) e Santo Angelo (RS) - será ampliada em 50%, segundo Herrmann. Além do aumento da capacidade, o novo sistema de pintura permitirá que a recém-construída linha de produção de um novo modelo de colheitadeira seja inaugurado. "Precisávamos desse tipo de pintura para aplicar nas novas colheitadeiras. Essa linha também recebeu um investimento de US$ 12,5 milhões", diz o executivo da John Deere.
Mercado externo
O principal motivo para os investimentos da empresa no Brasil é a busca pela consolidação no mercado externo, principalmente na América do Sul, com atenção especial para Argentina e Europa. "Queremos atender à demanda doméstica, mas aumentar as exportações é a principal meta", afirma Herrmann. No ano passado o faturamento da John Deere do Brasil foi de US$ 350 milhões, segundo o executivo, dos quais 10% foram referentes às exportações da empresa. "Queremos que a participação das vendas externas cresçam para pelo menos um quarto do faturamento", diz.
Também apostando no potencial do País, a Valtra do Brasil, possui para 2003 um plano de investimento da ordem de R$ 9 milhões para aumentar a capacidade de produção e modernizar as fábricas da empresa. "Esses investimentos dependem da situação de mercado, mas temos que ver o Brasil como um investimento de médio e longo prazo", afirma Cláudio Costa, diretor de marketing para América Latina da Valtra.
O executivo cita como exemplo o aumento da produção de tratores cabinados, que passou de 120 por mês para os atuais 160. "Também já inauguramos o novo sistema de pintura de chassi e peças e pretendemos ainda fazer mais", afirma.
A empresa assinou em janeiro um contrato de exportação de 120 tratores com potência entre 60 e 90 cavalos para os Estados Unidos para serem embarcados até junho deste ano. "As primeiras unidades que chagaram foram muito bem aceitas pelos norte-americanos, o que faz com que nossa meta de crescimento de 20% em 2003 possa ser superada", afirma Costa. Além dos EUA, a Valtra também assinou um contrato de venda de 60 unidades para o Canadá.
Em 2002, a produção de máquinas agrícolas no Brasil atingiu o maior volume dos últimos 15 anos. Foram produzidas no ano passado 52 mil unidades, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), volume que supera em 12,8% as 44,3 mil unidades produzidas em 2001. Na próxima quinta-feira a Anfavea vai divulgar o primeiro levantamento do ano, que segundo algumas fontes do setor deverá apresentar um recuo em relação a janeiro de 2002.
Alexandre Inacio