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Indústria cítrica enfrenta situação dramática na Flórida

Nos Estados Unidos, o estado da Florida sempre assumiu a posição de principal fornecedor da laranja para a indústria



Foto: Pixabay

Por Luiz Antonio Pinazza 

Engenheiro Agrônomo - agronegócio e sustentabilidade

Colaboração Aline Merladete

Nos Estados Unidos, o estado da Florida sempre assumiu a posição de principal fornecedor da laranja para a indústria. Entre os picos de produção, atingiu 242,0 milhões de caixas de 40,8 quilos na safra 2003/04. A partir de então, esse volume começa a cair, com a detecção do greening, a doença mais destrutiva na citricultura, transmitida pelo inseto Asian Citrus Psyllid (ACP).

Assim, a década de 2010 ficou marcada no estado com a queda substancial na produção, de 140,5 milhões de caixas em 2010/11, para 67,3 milhões em 2019/20. A cada safra, em seguida, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos reajustava para baixo os dados das árvores que continuarão a produzir uma quantidade normal de frutos. 

Em 2017, a passagem do furacão Irma causou perdas de R$ 760 milhões na indústria cítrica da Flórida. A produção de laranja atingiu o menor nível desde 1964 na temporada 2016/17, com 68,7 milhões de caixas, uma diminuição 16%, em relação à safra 2015/16, de 81,7 milhões, a menor colheita em 52 anos. Quando se compara com outros ciclos mais recentes de produção, o tamanho da redução se mostra quantidade ainda maior. O volume de 2020/21, de 52,9 milhões, ficou abaixo do registrado em 2019/20 de 67,4 milhões de caixas. Esses números, respectivamente, representam uma queda de 47% e 58%. 

Em setembro do ano passado, atingida pelo furacão Ian, a citricultura no estado da Flórida (EUA) amargou enormes danos. A chegada desse vendaval aconteceu no começo da colheita de laranja. Após a passagem do ciclone, o cálculo das perdas requer procedimento lento, sem haver paradas de energia e telecomunicações, enquanto as inundações restringem a entrada nas fazendas devido a inundações

Antes desse trágico evento, a indústria local de citrus previa uma colheita no intervalo de 35 e 40 milhões de caixas. A primeira previsão oficial do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre a safra 2022/23 da Flórida, em outubro, apontava o volume de 28 milhões de caixas, 32% abaixo da produção final da temporada 2020/22, de 41 milhões de caixas

A atualização de estimativa do de março último, reviu a produção para somente 16 milhões de caixas. Com este total, volta-se a menor colheita verificada desde 1936/37. O desdobramento desses acontecimentos negativos traz inquietações quando se soma com a alta incidência de greening, cuja presença altera o sabor e a qualidade do suco. Os impactos fortes sobre a produção e na rentabilidade afetam a sustentabilidade da cadeia produtiva da laranja, em que a Flórida foi sempre tida como referência. 
 

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