Índia pode favorecer mercado canavieiro do Brasil
País deve ser o maior importador de cana do mundo
A índia, como já noticiado aqui no Agrolink, está estudando antecipar o aumento do percentual de etanol misturado à gasolina dos atuais 10% para 20% em 2023. Com isso, de acordo com o consultor, palestrante, técnico para arbitragens e professor de gestão de risco em commodities agrícolas Arnaldo Luiz Correa, em seu perfil no Linkedin, o Brasil poderá sair favorecido.
“A redução da dependência na importação de petróleo com a alocação de mais cana para a produção de etanol, fortalece o mercado interno de açúcar da Índia, cujo consumo vai saltar dos atuais 28.5 milhões de toneladas para 31.0 milhões de toneladas em cinco anos, diminui a disponibilidade de açúcar para o mercado internacional e reduz o gasto do governo com subsídios. O governo é favorecido por menor gastos em US$ na importação de petróleo, menos gastos em rúpias para o subsídio de exportação de açúcar, provocando o natural fortalecimento do mercado interno e o enxugamento de excedentes para a exportação”, contextualiza.
Nesse cenário, ele afirma que grandes são as chances de a Índia – caso não expanda o cultivo de cana – tornar-se ao final desta década um importador de açúcar, deixando para o Brasil a dura missão de suprir o mercado internacional que deve crescer, pelo menos nos próximos 5 anos, a uma taxa conservadora de 1% ao ano. “A expansão da área canavieira no Brasil nos últimos 10 anos foi de 0.83% ao ano. O consumo de etanol total cresceu 1.75% ao ano, no mesmo período. O PIB brasileiro tem crescido abaixo do PIB mundial. Se imaginarmos um quadro de recuperação da economia, com a retomada do consumo de combustíveis, não é difícil afirmar que vamos precisar de mais cana para atender a demanda que se avizinha”, completa.
“Vai ser uma década que promete prosperidade ao setor. Mais ainda se fusões e aquisições ocorrerem juntamente com a entrada de novos e financeiramente robustos atores. Meu maior receio é uma eventual interferência deletéria do governo federal na política de formação de preço da gasolina retrocedendo aos anos de preços administrados favorecendo grupos de apoiadores políticos”, conclui.