Inadimplência rural no Sul é a menor do país
Números mostram uma estabilidade importante
O cenário financeiro dos produtores rurais no Sul do Brasil mostra controle e organização, mesmo diante de desafios climáticos e econômicos. Segundo a Serasa Experian, a inadimplência na região foi a menor do país no segundo trimestre de 2024, atingindo apenas 4,8% da população rural. O índice representa um leve aumento de 0,1 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano passado.
O Rio Grande do Sul se destacou , em parte devido à suspensão temporária das negativações pela Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC), após as enchentes que impactaram o estado por dois meses. Para Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa Experian, a medida foi essencial. “Além disso, os produtores do Sul têm tradição de experiência, resiliência e uma forte adesão ao seguro rural, fatores que ajudam a mitigar os riscos financeiros”, ressalta.
A comparação com outras regiões brasileiras reforça o desempenho do Sul, que registrou a menor taxa de inadimplência. Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte apresentaram índices superiores. Em âmbito nacional, o percentual de inadimplência entre produtores rurais foi de 7,4% no segundo trimestre, levemente acima do registrado nos primeiros três meses de 2024.
Apesar dos desafios, como dificuldades de acesso a crédito e oscilação no preço das commodities, a maioria dos produtores continua honrando seus compromissos. “Os números mostram uma estabilidade importante, com grande parte dos produtores rurais mantendo um equilíbrio financeiro positivo”, avalia Marcelo.
No Sul, os médios produtores registraram os menores índices de inadimplência, com apenas 4%, seguidos pelos pequenos (4,1%) e grandes (6%). Em âmbito nacional, a tendência se mantém, mas os grandes produtores lideram o índice, com 9,8%. A experiência também faz diferença. O estudo apontou que proprietários mais velhos tendem a ser mais resilientes financeiramente. Entre aqueles com 50 a 59 anos, 7,2% estavam inadimplentes, e esse percentual diminui conforme aumenta a faixa etária.
Outro ponto destacado no levantamento é o baixo impacto das dívidas diretamente relacionadas ao agronegócio. Enquanto 6,5% das dívidas negativadas vieram de instituições financeiras, apenas 0,1% se referem ao setor agro, como insumos e máquinas. Para Marcelo Pimenta, esses números mostram a força da cadeia produtiva do agronegócio. “A inadimplência nesse setor é praticamente inexistente, o que reflete a solidez dos produtores e das atividades ligadas ao agro no Brasil.”