Importações com preços agressivos impactam fabricantes brasileiros
Nos últimos 12 meses, os preços dos produtos importados no Brasil registraram uma redução significativa de 39,1%
Nos últimos 12 meses, os preços dos produtos importados no Brasil registraram uma redução significativa de 39,1%, desencadeando um surto de aquisições desleais. Essas aquisições são sustentadas por uma competitividade artificial, uma consequência direta do conflito no leste europeu.
Desde o início de 2023, as importações brasileiras de produtos químicos têm mantido uma média mensal consistente entre US$ 5 e 5,5 bilhões, representando um aumento considerável em relação aos valores praticados antes da pandemia de COVID-19. Naquela época, as importações oscilavam entre US$ 3 e US$ 4,5 bilhões. A manutenção desse novo patamar foi limitada por uma redução de 17% no preço médio dos produtos importados até agosto deste ano.
Por outro lado, as exportações brasileiras de produtos químicos têm mantido níveis mensais consideravelmente mais baixos do que as importações, com médias de vendas de US$ 1,2 bilhão e envios mensais de 1,2 milhão de toneladas para os destinos internacionais.
Com exceção dos produtos químicos destinados ao agronegócio, como fertilizantes e defensivos agrícolas, que têm um peso significativo na balança comercial, quase todos os outros grupos de produtos químicos experimentaram aumentos substanciais nas quantidades importadas ao longo do ano, até agosto, e essas importações foram realizadas a preços consideravelmente mais baixos em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Em termos monetários, as importações totais de produtos químicos atingiram US$ 41,9 bilhões, marcando uma queda de 24% em relação ao mesmo período de 2022. Esse declínio é principalmente atribuído à redução de 39,1% nos preços médios, caindo de US$ 1.569 por tonelada em agosto de 2022 para US$ 955 por tonelada em agosto deste ano. Essa situação causou instabilidade no mercado interno e um surto de aquisições predatórias e desleais, aproveitando uma competitividade artificial gerada pelo contexto da guerra no leste europeu.
Por outro lado, as exportações totalizaram US$ 9,9 bilhões, registrando uma queda de 17,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. Esse declínio se intensificou devido às dificuldades econômicas e cambiais na Argentina, que é o principal mercado de destino dos produtos químicos brasileiros, aumentando a ociosidade em grupos estratégicos de produtos fabricados no país.
Como resultado, o déficit na balança comercial de produtos químicos de janeiro a agosto de 2023 atingiu a marca de US$ 32 bilhões, superando a maioria dos déficits anuais das duas últimas décadas. Nos últimos 12 meses, de setembro de 2022 a agosto de 2023, o déficit comercial atingiu US$ 51,7 bilhões, destacando a necessidade urgente de medidas para combater as importações predatórias e proteger o mercado doméstico diante de desafios externos em um cenário internacional particularmente desfavorável.
Fátima Giovanna Coviello Ferreira, Diretora de Economia e Estatística da Abiquim, enfatiza a importância da pragmatismo e agilidade diante do cenário internacional atual. Ela destaca a necessidade de preservar e fortalecer as cadeias de valor nacionais, especialmente a indústria química, seguindo o exemplo de outros países. Fátima Giovanna ressalta a importância de elaborar uma agenda de comércio exterior emergencial e objetiva para enfrentar os desafios imediatos, especialmente na luta contra importações predatórias que distorcem os preços e ameaçam a produção local de produtos químicos estratégicos em várias cadeias de valor.
As informações são da Abiquim.