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Impacto da estiagem em 2024 agrava crise no campo

Fator que agrava a situação é o aumento de 9,48% nas tarifas de energia elétrica



Foto: USDA

A seca prolongada que assola o Brasil em 2024 está afetando gravemente a produção agrícola e pecuária do país, além de aumentar os custos de produção, especialmente em razão do reajuste nas tarifas de energia elétrica. O cenário já traz consequências para a safra de culturas importantes, como a soja, cuja produtividade foi reduzida. Conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2023/24 já sofreu os efeitos do fenômeno El Niño, e a perspectiva para a safra 2024/25 é ainda mais preocupante, com a possibilidade de La Niña, prevista para ocorrer entre setembro e novembro, intensificando a seca.

A cultura do milho também enfrenta riscos, principalmente a terceira safra, que já dá sinais de comprometimento devido à escassez de chuvas. Este cenário pode resultar em uma alta nos preços, tanto no mercado interno quanto nas exportações. Segundo a economista Isadora Araújo, da GEP Costdrivers, a previsão é de que o prolongamento da seca siga um padrão semelhante aos anos de 1998, 2015 e 2020, quando houve uma redução expressiva na colheita em consequência da falta de chuvas.

Outro fator que agrava a situação é o aumento de 9,48% nas tarifas de energia elétrica, anunciado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Esse reajuste impacta diretamente os custos de produção, especialmente em estados mais afetados pela estiagem, como Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso. Dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) indicam que mais de 1.500 municípios tiveram áreas produtivas prejudicadas pela seca em agosto de 2024, com 963 desses municípios vendo mais de 80% de suas áreas agropecuárias comprometidas.

Isadora destaca que, embora o aumento nas tarifas de energia esteja pressionando os produtores, a recente queda nos preços de insumos como fertilizantes pode atenuar parte desse impacto. No entanto, a pecuária também sente os efeitos da estiagem, com a degradação das pastagens comprometendo a oferta de alimentos. Pequenos produtores, principalmente aqueles que não possuem sistemas de irrigação adequados, estão entre os mais prejudicados. A agricultura familiar, responsável por uma parcela expressiva da produção de alimentos no país, também enfrenta dificuldades severas.

Além dos efeitos diretos na produção, a seca e os custos crescentes estão refletindo na inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu o teto da meta do Banco Central em 2024, acumulando uma alta de 4,5% nos últimos 12 meses. A expectativa é que a inflação continue pressionada nos próximos meses, o que pode forçar o Banco Central a manter a taxa Selic elevada, com impactos negativos sobre o crédito e o consumo, agravando ainda mais o cenário econômico do país.

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