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Hortas e fazendas verticais mudam zona urbana

Iniciativas valorizam plantio orgânico e incentivam comunidades carentes a cultivar hortaliças



Foto: Divulgação

Quantas hortas urbanas você conhece? E fazenda vertical com luz artificial no meio de grandes centros? Pois essas duas modalidades vem ganhando espaço. Elas produzem desde microgreens até hortaliças de tamanho normal e podem ter papel sustentável e social.

Eliminar terrenos baldios em áreas urbanas, produzir e fornecer hortaliças para o consumo de escolas e famílias e melhorar a qualidade da alimentação da comunidade são algumas das vantagens da implantação de hortas comunitárias nas cidades.
Instaladas em lotes vagos que muitas vezes são utilizados como depósitos de entulho e se transformam em focos de doenças, a produção das hortas comunitárias abastece famílias que moram perto destes terrenos. Na maioria dos casos, a produção é feita a partir dos princípios de agricultura orgânica e reaproveita materiais como pallets e pneus.

Bons exemplos

Neste ano Curitiba inaugurou a primeira fazenda urbana do país e pretende mostrar para a cidade como o campo trabalha, a complexidade de produzir alimentos, além de cursos sobre agricultura urbana. O local reúne os mais modernos métodos de plantio de alimentos saudáveis, sem agrotóxico. São mais de 60 variedades agrícolas orgânicas cultivadas, com a produção de frutas, legumes e verduras, além de ervas, temperos, chás e plantas alimentícias não convencionais (pancs). Também há produção de mudas destinadas às 31 hortas comunitárias da capital, além de canteiros elevados para cadeirantes. 

Outro exemplo é o Instituto Horta Girassol, do Distrito Federal. O espaço era antes um lixão e hoje tem uma horta com cinco mil metros quadrados. A coordenadora do projeto, Hosana Alves, conta que tudo começou em agosto de 2005, quando aconteceu um surto de hantavirose na região. “A comunidade ficou muito preocupada porque tinha um lixão. Todos se mobilizaram e pedimos a ajuda da administração regional, que limpou o local”, lembra.

A partir de então, para evitar que o lixo voltasse a se acumular no local, a horta foi criada. Inicialmente, a plantação era pequena e, hoje, o Instituto Horta Girassol tem um projeto chamado Comunidade que Sustenta Agricultura (CSA), que funciona em parceria com produtores orgânicos e membros da comunidade. Os produtos colhidos são fornecidos aos participantes que ajudam com contribuição financeira para o espaço. Toda semana, após a colheita, eles recebem uma cesta de verduras, frutas e legumes em casa.

A tecnologia da fazenda vertical

As fazendas verticais também ajudam no cultivo de hortas criadas em pequenos espaços urbanos. A Embrapa Hortaliças (DF), em parceria com uma empresa privada, desenvolveu pesquisas para produção de hortaliças em fazendas verticais. O modelo de cultivo feito por prateleiras verticais permite aproveitar o espaço em ambientes fechados, com iluminação artificial com painéis de LED, controle de temperatura, concentração de CO2, entre outras variedades.

As fazendas verticais ficam mais próximas dos consumidores e os custos com logística e transporte diminuem, evitando perdas de produtos. A agricultura em ambiente fechado utiliza áreas urbanas, em geral, galpões, armazéns abandonados, toldos de prédios localizados muitas vezes em locais com disponibilidade muito pequena de alimentos frescos e saudáveis, com alta eficiência no uso de insumos já que é um sistema de produção sem solo.

A pesquisa, iniciada em abril deste ano, está sendo feita no Laboratório da Embrapa Hortaliças, uma estrutura contendo um contêiner e três ambientes em agricultura controlada aproveitando o espaço vertical. “É mais uma proposta para somar o setor com produção de hortaliças e frutos frescos de alta qualidade nutricional no ambiente urbano. É um sistema que aproxima a produção de alimentos dos centros urbanos e atrai jovens para o cultivo de alimentos”, explicou o pesquisador da Embrapa, Ítalo Guedes.

Os experimentos avaliam qual é o melhor sistema de cultivo sem solo, a partir de duas possibilidades de manejo da nutrição e da irrigação (fertirrigação) das hortaliças: hidroponia e aeroponia. Na hidroponia, os nutrientes minerais estão dissolvidos na água, enquanto na aeropina é fornecida sob pressão de um equipamento tipo nebulizador que joga a névoa da solução diretamente na raiz.

A técnica permite economia de 95% no uso de água e um aumento na produtividade. “Na primeira etapa da pesquisa cultivamos alface, rúcula, salsa, coentro e manjericão. Conseguimos produzir com alta produtividade e diminuímos o cultivo das culturas em até 10 dias, economizando água e nutrientes”, comemora o pesquisador.

Os experimentos com morangos, tomates e pimentões já começaram, mas ainda é necessário acertar a luminosidade, tempo de exposição dos frutos à luz e a nutrição das plantas. A expectativa dos pesquisadores é produzir as hortaliças e frutos em um prazo menor que o cultivo em campo aberto.

* com informações da Embrapa
 

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