Grupo Papalotla lança no Brasil a primeira variedade de Brachiaria híbrida do mundo
Desenvolvida em parceria com o CIAT – Centro Internacional para Agricultura Tropical (Cali, Colômbia), com a participação da Embrapa-CNPGC, a Brachiaria híbrida cv. Mulato chega ao País trazendo inovações tecnológicas para o aumento da produtividade e aceleração da produção pecuária a custos competitivos
A cada ano, o Brasil está provando ao mundo a sua competência no setor produtivo agropecuário graças à sua habilidade natural e as condições privilegiadas de clima e solo para formação e manutenção de pastagens, fatores que tornam seu imenso território plenamente adaptado para exploração pecuária. Segundo dados da ABIEC – Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne - a pecuária bovina brasileira representa quase 15% do rebanho mundial – 180 milhões de cabeças, cerca de 17% do abate, mais de 12% da produção e quase 20% do total das exportações. São milhares de agentes econômicos envolvidos em uma gigantesca operação que permite que as qualidades nutricionais da carne e do leite nacional cheguem a mais de 100 países do mundo.
Sem dúvida, somos grandes e estamos entre os melhores: neste ano, segundo Roberto Rodrigues, Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, nossas exportações de carne bovina devem chegar a US$ 1,3 bilhão, ou o equivalente a 1,3 milhão de toneladas. Entretanto, para o País alcançar o primeiro posto nas exportações de carne no mundo serão necessários muitos investimentos em tecnologia agrária, como o melhoramento genético dos rebanhos e a reforma das pastagens.
Hoje, animais engordados a pasto começaram a fazer o diferencial no mercado externo – o conhecido "Boi Verde" ou "Boi de Capim"; como se sabe, a produção de gado de corte, especialmente no Brasil Central, depende quase exclusivamente das pastagens. Na época da seca, período crítico de produção forrageira, as pastagens não suprem os requerimentos nutricionais mínimos dos animais, tanto em função da baixa qualidade, como da quantidade. Além disso, estimativas indicam que, dentro de dez anos, haverá uma redução sistemática de 8,7% sobre uma área atualmente de 259,3 milhões de hectares em pastagens.
Neste cenário, observa-se ainda que as tradicionais áreas de pastagens estão sendo encurraladas pela expansão da agricultura, principalmente da soja. Num mercado de produção de carne competitiva, com tendências de crescimento, qual seria a melhor saída para este possível entrave? A invasão de áreas de florestas nativas, derrubando nossa principal fonte de renovação de oxigênio, ou o aumento de produção nas áreas restantes, num intervalo de tempo ainda menor do que o normalmente obtido?
Mulato, a solução para o mundo tropical
O mercado de sementes de pastagens brasileiro é o maior do mundo. Estima-se que sejam comercializadas 90 mil toneladas de sementes por ano, a um valor bruto aproximado de US$ 250 milhões, o equivalente ao mercado brasileiro de sementes de milho híbrido. Para produzir esta quantidade de sementes, a cada ano cerca de 14% da área plantada de pastagens tropicais – aproximadamente 100 milhões de hectares – seja renovada ou plantada com sementes. A uma taxa média de plantio de 7 kg de sementes comerciais por hectare, a demanda anual por sementes é estimada em 98 mil toneladas, sendo as cultivares de Brachiaria responsáveis por 80% deste mercado.
Entretanto, há algum tempo o mercado latino-americano e, especialmente o brasileiro, tem demandado novas sementes e variedades de forrageiras com adaptação e produtividade melhoradas. Por isso, a meta de centros de pesquisa nacionais e internacionais, com o apoio privado, tem sido a identificação e a seleção de germoplasmas adaptados, produtivos e persistentes em ambientes tropicais. Um exemplo deste trabalho é a parceria formada entre o CIAT – Centro Internacional para a Agricultura Tropical, localizado na Colômbia, com a participação da Embrapa (através do CNPGC), e o Grupo Papalotla, do México, que está lançando no Brasil o primeiro híbrido de Brachiaria do mundo: a cultivar Mulato (CIAT 36061).
Resultado de 15 anos de pesquisas no CIAT, o Grupo Papalotla vem testando, produzindo e comercializando com sucesso, desde 2000, esta Brachiaria híbrida em países como México, Honduras, Panamá, Costa Rica, Colômbia, República Dominicana e outros da América Latina. Agora no Brasil, o Grupo Papalotla terá como seu Diretor Geral o brasileiro Antonio Kaupert, que tem em seu currículo uma bem sucedida passagem em empresas como Dekalb, onde lançou em 1981 os primeiros híbridos de milho do país (XL560 e XL670), Braskalb e Monsanto. A sede do Grupo Papalotla será em Campinas e as áreas para produção de sementes estarão estabelecidas nos Estados do Mato Grosso do Sul, Bahia e São Paulo.
"O Mulato, a primeira variedade de Brachiaria híbrida comercial, é um pasto consideravelmente único e uma verdadeira inovação no mercado de sementes melhoradas de pastagens forrageiras tropicais", esclarece Kaupert. De fato, a cultivar híbrida é capaz de proporcionar uma produção de até 25% mais leite por vaca a pasto ao dia, se comparado com outras cultivares comerciais de Brachiaria disponíveis. Seu maior atributo é a qualidade nutricional de sua forragem, com 16% de proteína crua e 62% de digestibilidade.
Segundo Kaupert, o Mulato se adapta a solos de boa drenagem, de fertilidade média a alta, com pH acima de 5.0, exigindo uma precipitação anual de pelo menos 600mm em sequeiro. "A forrageira suporta bem os longos períodos de estiagem, entre 7 a 8 meses, devido a seu sistema radicular profundo", explica.
A preparação da terra é convencional – limpeza da eventual vegetação existente, aração e gradagem. Quando a terra não permitir uma preparação mecanizada do solo, os pequenos arbustos devem ser eliminados e incinerados logo antes do início das primeiras chuvas. Podem ser utilizados herbicidas não seletivos, de contato ou sistêmicos, imediatamente após o plantio e antes da germinação. As datas ótimas para plantio sob condições de sequeiro são desde o início das primeiras chuvas até o final da temporada das chuvas. As sementes podem ser lançadas ou plantadas num espaçamento de 80 a 100 cm de entre-linhas. Em terrenos de perfil acidentado ou plano que permitem mecanização, a melhor opção é o plantio hill-plot. "Em todos os casos, a profundidade não deve exceder 2 cm", lembra Kaupert.
As ervas daninhas devem ser controladas adequadamente durante os primeiros 45 dias do ciclo de crescimento. Devem ser aplicados 50 kg/ha tanto de Fósforo como de Nitrogênio no plantio. Antes de submeter as pastagens de Mulato ao pastejo pela primeira vez, estas devem ser bem estabelecidas, com mais de 80% de cobertura, o que normalmente ocorre entre 90 a 120 dias após o plantio. "O Mulato prefere pastejo intensivo, com períodos adequados de ocupação e descanso, para permitir a recuperação da pastagem. Devido à vigorosa renovação deste híbrido, as pastagens de Mulato recuperam-se rapidamente, mesmo sob estiagem", explica o Diretor Geral do Grupo Papalotla no Brasil.
O Mulato responde muito bem à fertilização. Uma aplicação anual de manutenção de 150 kg/ha de Nitrogênio e de 50kg/ha de Fósforo no início da temporada das chuvas garantirá uma pastagem em ótimas condições. Quanto à produtividade, sua produção de forragem é 25% mais alta do que a de outras cultivares de Brachiaria comumente utilizadas, tais como B. brizantha (cv. Marandu) e B. decumbens (cv. Basilisk), e a produção não é variável de acordo com a época, tal como outras cultivares. São observadas boas produtividades no decorrer do ano, mesmo em épocas de estiagem. "Devido a suas características, o Mulato pode ser considerado um dos pastos mais apropriados para intensificar e aumentar a produção animal nos trópicos" aponta Antonio Kaupert.
Informações Gerais da Brachiaria Híbrida cv. Mulato
pH do solo
5 a 8
Fertilidade do solo
De média a alta
Drenagem
Requer boa drenagem
Altitude acima do nível do mar
0 - 1800 m
Precipitação
> 600 mm
Profundidade de plantio
2 cm
Taxa de plantio
6 – 8 kg/ha
Fertilização no plantio
50 kg/ha de N, 50 kg/ha de P
Fertilização de manutenção
150 kg/ha de N, 50 kg/ha de P
Manejo do pasto
Rotação intensiva
Digestibilidade
62%
Conteúdo de proteína crua
16%
Produtividade forrageira
25 ton/ha ao ano
Percentual de matéria seca
25% - 30%
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