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Gramíneas e leguminosas são mesmo um casamento perfeito?

Pesquisas asseguram eficiência do cultivo simultâneo das forrageiras, mas prática esbarra na dificuldade de manejo



Ter uma alternativa de pastejo na época da seca é o desejo de todo pecuarista brasileiro. A pesquisa encarregou-se de buscar formas de realização desse desejo e apresentou como saída a consorciação de gramíneas com leguminosas. Quando as gramíneas perdem força, as leguminosas seriam uma fonte nutricional para os bovinos, com a vantagem extra de serem plantas que fixam nitrogênio no solo.

Os pesquisadores comprovaram as potencialidades de várias leguminosas, desde espécies nativas, como os estilosantes, até híbridos como a leucena. Apesar do sucesso das pesquisas, o consórcio de capins com forrageiras leguminosas não se tornou uma prática da maioria. Ao contrário, são poucos os pecuaristas que adotam a tecnologia.

O motivo é simples: a consorciação ainda gera polêmica. Enquanto muitos pesquisadores (especialmente os da Embrapa) garantem sua eficácia, outros questionam as vantagens de sua aplicação. "As gramíneas e as leguminosas são forrageiras com características morfológicas muito diferentes, que levam à dificuldade de fazer o pastejo consorciado", afirma o agrônomo Alecssandro Regal Dutra, doutor em nutrição animal e professor da disciplina de manejo e conservação de plantas forrageiras, do curso de Zootecnia da Universidade Católica de Goiás (UCG).

Segundo ele, geralmente a consorciação de gramíneas com leguminosas dura pouco, porque a gramínea sufoca a leguminosa. "Nas águas, o gado vai comer gramínea, que é mais palatável. Na seca, os animais comem leguminosas, porque só têm elas. Quando volta a chover, a gramínea, que acumulou força, cresce e sufoca a leguminosa", diz.

Manejo

O manejo é, de fato, o principal obstáculo à utilização da tecnologia. O pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Robert Macedo, afirma que os resultados das pesquisas sobre consórcios de gramíneas com leguminosas já estão consolidados e com resultados muito positivos.

Conforme Macedo, a falta de conhecimento leva ao manejo incorreto das pastagens consorciadas e, consequentemente, ao insucesso. "Se o pecuarista brasileiro consegue degradar até pastagem com braquiária, imagine suas dificuldades quando trabalha com outras forrageiras".

Como Robert, Alexandre Barcelos, pesquisador da Embrapa Cerrados, diz que, no Brasil, as pastagens, em geral, são malmanejadas, e que a consorciação exige um manejo mais refinado. "Mas isso não significa que a tecnologia seja inviável. Não existe fonte mais barata para geração de proteína e para fixação de nitrogênio no solo", assegura.

Alexandre Barcelos admite que a tecnologia tem restrições de manejo para aplicação em larga escala, mas diz que problemas enfrentados no passado, principalmente a limitação de cultivares, já foram superados.

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