O secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, Linneu Costa Lima, afirmou ontem que o governo está preparado para cumprir o exercício das opções dos leilões de café, que começam a vencer em setembro. Foram contratadas 2 milhões de sacas, o que significa 67% de um total de 3 milhões ofertadas.
Para o analista Gil Barabach, da empresa de consultoria Safras & Mercado, ainda é cedo para afirmar se produtor entregará ou não o café ao governo. Segundo ele, o setor acredita que não será preciso vender ao governo porque o preço subirá até a data do exercício. Ontem, a saca de café arábica estava cotada em R$ 175. Os contratos com vencimento em setembro têm preço de exercício de R$ 190 a saca e, para novembro, R$ 195.
Mas, Barabach afirma que, devido aos custos das opções, se o mercado chegar a patamares próximos a R$ 180 a saca, não compensará o produtor exercer os contratos. Na Bolsa de Mercadorias e Futuro (BM&F), o grão está cotado a R$ 196 a saca em setembro.
Escassez no mercado
"O exercício vai depender do produtor", disse Lima. Ele garantiu que há recurso para isso, mas acredita que não será preciso comprar o grão porque o preço irá subir, já que o quadro é de escassez. Lima afirmou que o balanço de oferta e demanda das safras deste ano e de 2004 apresenta um déficit de 10 milhões de sacas. Na opinião do secretário, se o contrato for exercido, o governo federal ganhará dinheiro, pois comprará o grão a R$ 190 a saca e venderá a R$ 220 - esta é a aposta de preço para setembro, em sua avaliação.
Outro argumento para o não-exercício do contrato é a liberação de recursos do Empréstimo do Governo Federal (EGF). Segundo Lima, na próxima semana os R$ 400 milhões da linha devem estar disponíveis para os cafeicultores. O secretário anunciou ainda a ampliação do prazo de dezembro para março de 2004 para a tomada do crédito. "É um estímulo para não exercer as opções", avalia Lima.
Ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou leilão de 20 mil sacas de café. Foram comercializadas 19,3 mil sacas, com ágio de 96,85%. Na avaliação de Lima, o valor do ágio pode ser uma indicação de que a oferta de café para o consumo interno está diminuindo.
O produto será destinado às torrefadoras e faz parte do estoque de 5 milhões de sacas do Fundo de Defesa da Econômica Cafeeira (Funcafé). Hoje, na reunião do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), será discutida a ampliação desta oferta. Lima diz que o valor poderia ser dobrado.