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Governador do PR vai adquirir aveia de agricultor que teve fazenda invadida pelo MST


O governador do Paraná, Roberto Requião, "bancou" ontem a colheita de aveia na Fazenda Baronesa dos Candiais 2, em Luiziana (Centro-Oeste do Estado), ocupada há cinco meses por cerca de mil agricultores ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). O arrendatário da área, Valdomiro Bognar, tenta há mais de 30 dias começar a colheita, que está atrasada. É impedido pelos invasores, que chegaram a pedir 50% da produção para "liberar" o trabalho. "Se os sem- terra não permitirem a colheita, me informe imediatamente. É uma ordem minha", disse o governador, que visitou ontem a região. Desconhecendo a ordem de Requião, integrantes do MST afirmaram que sem acordo com Bognar "será difícil" liberar a aveia.

Requião ainda prometeu solucionar o problema de ocupação da fazenda. Uma área em processo de desapropriação deverá ser destinada ao assentamento de parte das famílias que ocupam a Baronesa. De acordo com o superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, a área de 500 hectares a ser desapropriada fica no mesmo município e depende apenas do aval da Casa Civil do governo federal.

Lacerda não quis revelar o nome da fazenda. Estima-se que cerca de 40 famílias (em torno de 160 pessoas) podem ser assentadas na propriedade, menos de 20% do número de pessoas acampadas na Fazenda Baronesa. "Vamos fazer o maior assentamento do Brasil. Para isso estamos viabilizando áreas num total de 25 mil hectares", completou o governador

Tumulto

Requião disse ontem a Valdomiro Bognar que ele leve suas colheitadeiras ainda hoje até a propriedade e comece a colheita da aveia. O produtor pretende começar o trabalho hoje de manhã . "Vou levar uma colheitadeira e colher o pouco que sobrou da cultura", disse. Ele explicou que, devido às chuvas dos últimos dias, parte da aveia se perdeu, enquanto outra parte foi destruída pelo MST. "Eles fizeram até um campo de futebol no meio da aveia", acusou o produtor.

No entanto, a colheita promete ser tumultuada. Ainda ontem, o MST informou que, sem acordo, ficará difícil o produtor colher a aveia. "Nós colaboramos com a produção: retiramos o mato", disse João Correia, um dos integrantes do acampamento. Há duas semanas, os sem-terra fizeram uma proposta ao agricultor para que ele pudesse retirar a lavoura. De acordo com o MST, o produtor entraria com as máquinas, colheria toda a produção e ficaria com metade da aveia. A proposta foi recusada por Bognar. O movimento, então, propôs um segundo acordo. "Eles me pediram que eu pagasse R$ 12 mil em aveia colhida como compensação de 12 mil diárias trabalhadas pelos sem-terra para retirar o mato da cultura. Também não aceitei", disse Bognar. Toda a conversação foi intermediada pelo padre Alziro, que pertence à Pastoral da Terra.

A fazenda foi invadida pelo MST há mais de 150 dias e, no mesmo dia de sua ocupação, a Justiça determinou a reintegração de posse ao agricultor. O governo chegou a anunciar uma ação para a retirada das famílias da área, mas que ainda não ocorreu.

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