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Girassol tem novo zoneamento de risco climático

Ferramenta indica melhor época de plantar, reduzindo possibilidade de perdas



Foto: Marcel Oliveira

O Ministério da Agricultura publicou nesta quarta-feira (16) as Portarias de Nº 176 a 202, que atualizam o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura do girassol no Brasil. A ferramenta indica a melhor época de plantio da cultura, reduzindo a possibilidade de perdas pelo clima, considerando condições de solo e as características da cultura. 

Os estudos para o novo Zarc começaram no ano passado e foram validados junto à cadeia produtiva. “Definimos as áreas e os períodos de semeadura para o seu cultivo com probabilidades de perdas de rendimento inferiores a 20%, 30% e 40%, devido à ocorrência de eventos meteorológicos adversos”, explica o pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja. 

Novos fatores de risco foram considerados, associando questões hídricas, térmicas e fitossanitárias. De acordo com o pesquisador, o girassol é pouco influenciado pelas variações de latitude e de altitude, apresenta tolerância a baixas temperaturas e é relativamente resistente à seca. Com relação às necessidades de água para o cultivo do girassol, Farias afirma que o ideal seria em torno de 500 a 700 mm de água disponível, bem distribuídos ao longo do ciclo. “As fases mais sensíveis ao déficit hídrico ocorrem durante a semeadura e a emergência das plantas e, principalmente, do início da formação do capítulo ao começo da floração seguida da formação e enchimento de grãos”, destaca Farias.

Outro fator considerado como um dos parâmetros no Zarc foi a associação das condições climáticas ao risco fitossanitário, uma vez que o clima pode ou não favorecer o desenvolvimento de importantes doenças e de difícil controle. A podridão branca, causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, por exemplo, está associada às condições frias e úmidas. Por outro lado, a mancha de alternaria, causada pelo fungo Alternaria helianthi, é decorrente de altas temperaturas e chuvas excessivas. “Nosso estudo procurou, também, delimitar as áreas e identificar os períodos de menor risco climático para a ocorrência de problemas fitossanitários e, assim, favorecer a exploração da cultura do girassol no Brasil”, destaca. 

O Zarc se baseia em séries históricas de aproximadamente 30 anos, obtidas a partir das redes de estações terrestres, meteorológicas e pluviométricas, convencionais e automáticas, além de redes estaduais mantidas por instituições ou empresas públicas. São cerca de 3.500 pontos de dados distribuídos no território nacional, provenientes da base gerada por interpolação a partir de 735 estações meteorológicas.

O girassol pode ser cultivado desde o Rio Grande do Sul até Roraima. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a área cultivada no Brasil em 2021 seja de 31,5 mil ha, sendo 70% realizada no estado de Goiás (cerca de 20 mil ha), seguida de Mato Grosso (8,5 mil ha), Rio Grande do Sul (1,5 mil ha), Minas Gerais (800 ha) e Distrito Federal (700 ha).

Apesar dos diversos usos do girassol e do potencial da cultura como componente de sistemas de produção diversificados e rentáveis, Farias explica que a variabilidade na disponibilidade hídrica é a principal limitação à expressão do potencial de rendimento do girassol no Brasil.
 

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