Os produtores de algodão do Mato Grosso estão pagando menos pelo transporte de suas cargas. No estado, o custo do frete caiu até 15% porque o produto está sendo transportado com gerenciamento de risco.
Segundo cálculos da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), o roubo de cargas no estado reduziu-se em mais de quatro vezes. Em 2001, 140 cargas haviam sido roubadas. No ano passado, há estimativas de 35 caminhões furtados, mas apenas três deste universo foram segurados pelo novo sistema. Dois desses roubos estão sob investigação.
Desde agosto de 2002, o algodão mato-grossense está sendo rastreado do embarque até a entrega. Nesse período, foram transportadas 2,8 mil cargas. Apenas em janeiro deste ano foram 443, sem nenhum registro de roubo. O gerenciamento de risco tem como principal vantagem a garantia da chegada da mercadoria ao comprador. Segundo João Luiz Ribas Pessa, vice-presidente da Ampa, o próximo passo é estender essa utilização também ao algodão vendido a retirar.
"Produção inviável"
"O roubo estava inviabilizando a produção em Mato Grosso", afirma João Camargo, proprietário da J. Camargo Corretora de Seguros S/C Ltda. Segundo ele, pelo sistema antigo, o produtor contratava uma transportadora e pagava embutido no frete o valor do seguro. Mas, devido ao risco na região, todo caminhão tinha que ser escoltado, além de apenas poder transitar em horário comercial. Pessa diz que havia ainda a franquia do seguro, que variava de 40% a 50% do valor da carga transportada.
Com o novo sistema, o produtor contrata uma transportadora e repassa as informações para a J. Camargo, que faz uma análise prévia tanto da carga quanto de seu proprietário e de quem vai levar o produto até o seu destino.
Roteiro pré-determinado
Aprovado o cadastro, a carga segue viagem a partir de um roteiro pré-determinado, tendo como ponto central (onde se registra o deslocamento), o município de Rondonópolis. Em todo o estado são oito pontos de conferência, além de outras checagens nas principais regiões compradores do algodão de Mato Grosso (Nordeste, São Paulo, Minas Gerais e Paraná).
No estado de São Paulo, por exemplo, o veículo é escoltado até o local de destino. Camargo diz que, com o gerenciamento do risco, o seguro fica mais barato para o produtor. Além disso, segundo ele, outra vantagem é o valor da carga não estar limitado a apenas R$ 50 mil, como nos seguros anteriores. Em média, de acordo com ele, o custo reduziu-se até 15%. Todo o trabalho é em conjunto com a Sul América Seguros e a Pamcary.
Pelas estimativas de Pessa, 50% do algodão transportado em Mato Grosso foi segurado no ano passado. Todo o seguro é feito por intermédio da associação, barateando ainda mais os custos, uma vez que o volume (por estar em nome da associação) é maior. "Quanto maior a carga na mesma apólice, mais barato fica, pois dilui os riscos."
Com os bons resultados obtidos em Mato Grosso, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) espera estender o sistema para todo País a partir da safra 2003/04. Este ano, devem aderir ao gerenciamento de risco produtores de Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Sem parceria ainda com as associações locais, a empresa já segurou cerca de 400 cargas desses estados. A meta, diz Camargo, é em junho estar transportando duas mil cargas/mês apenas de Mato Grosso e estender o sistema para outros produtos, como a soja.
kicker: Segundo cálculo dos produtores do Mato Grosso, roubo de cargas caiu 75%, para 35 infrações.
Neila Baldi