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Fungicida detectado em carga de salmão do Chile



A indústria do salmão se transformou em sinônimo de sucesso e de nova alternativa de desenvolvimento para a economia chilena. As provas de seu crescimento são contundentes: de US$ 159 milhões exportados em 1991, o setor passou para US$ 1,2 bilhão projetados para este ano. Ou seja, cresceu oito vezes em pouco mais de uma década.

Conscientes de seu potencial, os mais de 40 criadores que atuam no país tiveram de se acostumar às denúncias e críticas que surgem de diferentes grupos de interesse e em diferentes partes do mundo. Mas nenhuma destas acusações havia representado o risco suscitado ontem pela paralisação no porto de Roterdã, na Holanda, de quatro contêineres de salmão chileno.

As autoridades daquele país detectaram a presença de Leucomalaquita, um fungicida cujo uso está proibido por ser considerado altamente cancerígeno.

Segundo empresários do setor, o método empregado pelo governo holandês não estaria entre os reconhecidos para detecção de Leucomalaquita e, portanto, não seria suficiente para embargar uma carga. A Holanda reclama ter encontrado uma concentração de 2 a 9 partes de Leucomalaquita por bilhão, quando o limite considerado normal é de até 10 partes por bilhão. Se os chilenos conseguirem provar que a Holanda agiu arbitrariamente, poderá inclusive recorrer a organismos internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC) para reclamar contra o embargo anunciado pela Holanda.

De qualquer maneira, os representantes da indústria do salmão estão tomando todas as medidas necessárias para deter o principal perigo desta denúncia: gerar o alarme em torno da confiabilidade e qualidade do produto chileno. Por isso, a indústria vem estudando a reação de diversos grupos de opinião, medida adotada assim que a notícia do embargo das cargas foi divulgada. Na terça-feira, representantes do setor tiveram encontro com o ministro da Economia do Chile, Jorge Rodríguez Grossi, para discutir o assunto.

O encontro possibilitou o rápido envio de especialistas do Serviço Nacional de Pesca (Sernapesca) para a Holanda. O governo está interessado em inteirar-se da origem e das dimensões do problema e, no âmbito local, certificar-se de que o fungicida deixou de ser utilizado nos criatórios de salmão.

A indústria e os criadores de salmão continuam organizando diversos encontros e reuniões para esclarecer os consumidores a respeito do episódio.

Produto cancerígeno

A leucomalaquita é utilizada para o controle de fungos nos peixes durante a primeira parte do ciclo de vida (cultivo em água doce). A indústria reconhece que seu uso foi generalizado durante muitos anos. Embora houvesse suspeitas de que o produto fosse cancerígeno, conforme o próprio governo chileno divulgou em várias oportunidades, a indústria do salmão só interrompeu sua utilização quando sua proibição foi formalmente decretada pela autoridade federal.

Os dados sobre a data exata em que a leucomalaquita teria deixado de ser utilizada nos criatórios não são claros, mas tudo indica que o produto teria sido abandonado em meados do ano passado.

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