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Frio e falta de chuvas atrasam o plantio em Santa Catarina


As temperaturas baixas e a estiagem verificada em agosto e setembro provocaram impactos negativos na agricultura. O frio atrasou em pelo menos 20 dias o plantio de feijão. A falta de chuva causou apreensão em quem cultiva milho. As duas culturas estão sendo plantados nesta semana, ainda com certa cautela, em razão das previsões meteorológicas nada animadoras para a primavera. Segundo a Epagri, os próximos três meses devem registrar temperaturas elevadas e chuvas abaixo da média verificada em anos anteriores.

O agricultor Flávio Fonseca da Rosa, 47 anos, iniciou ontem o plantio de milho nos 30 hectares que ele e a família mantêm em Linha Boa Vista, interior de Chapecó. Fonseca confirma que as condições adversas atrasaram o acondicionamento das sementes na terra. "Em setembro do ano passado, o milho já estava grande", lembra ele.

Segundo a Epagri, pelo menos 20% da safra de milho já foi plantada no Oeste. A região deve cultivar o grão em 250 mil hectares, cerca de um terço do total da área cultivo em Santa Catarina. "O plantio atrasou alguns dias, mas isso não deve comprometer a produção. O prejuízo só deve ocorrer se faltar chuva na época do desenvolvimento da planta. Felizmente, a meteorologia diz que em outubro pode ocorrer chuva de forma distribuída na região", explica o engenheiro agrônomo Luis Carlos Vieira.

A umidade da terra, devido à chuva que desabou no último final de semana na região, também possibilitou o plantio em massa do feijão. A estiagem atrasou a preparação do solo em pelo menos duas semanas. O período de plantio se estende até 15 de outubro. "O bom preço de mercado tem sido um estímulo para o plantio", diz o agrônomo Roger Flesch, da Epagri.

Tanto o feijão quanto o milho dependerão unicamente do clima para garantir produtividade. Mais sensível às condições climáticas, o feijão do tipo preto (mais plantado na região) dependerá de uma chuva de pelo menos 350 milímetros para se desenvolver nos próximos três meses. Mesmo com as previsões meteorológicas desanimadoras, ninguém arrisca fazer uma avaliação dos prejuízos que poderão ocorrer a partir de janeiro, quando inicia a colheita. "A distribuição das chuvas é o que vai determinar o perfil da safra 2004. Daqui para frente não pode mais faltar água".

Além dos problemas climáticos, a agricultura familiar enfrenta ainda outros problemas para garantir o plantio da safra. Alguns bancos ainda não liberaram os recursos do Pronaf para boa parte dos produtores rurais. "A agilidade na liberação dos recursos, anunciada pelo governo federal, não se confirmou".

Os problemas são os mesmos do ano passado: o agricultor precisa comprar sementes em cooperativas e se sujeitar ao pagamento de juros. "Os bancos ainda têm desconfianças em relação ao pequeno agricultor. Acreditam que ele não tem condições de pagar o crédito", lamenta o coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Sul (Fetraf-Sul) em Santa Catarina, Dirceu Dresch.

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