Fosfértil investirá U$S 180 milhões em nova unidade em MG

Para iniciar a produção de um milhão de toneladas de concentrado fosfático, a Fosfértil , maior produtora brasileira de matérias-primas para fertilizantes, vai investir cerca de US$ 180 milhões em uma nova unidade, que será instalada no município mineiro de Patrocínio, no Alto Paranaíba. A unidade, que abrigará jazidas de fosfato, insumo básico utilizado na confecção de fertilizantes, deverá iniciar a produção em 2012. Todo o processo de produção deve gerar 1,2 mil novos postos de trabalho. De acordo com Nadim Abdanur Júnior, gerente industrial da Fosfértil, pesquisadores do grupo passaram cinco anos estudando a viabilidade das jazidas de fosfato da região, que estão entre as maiores do País. A empresa, atualmente, conta apenas com um escritório na cidade. Segundo o executivo, a companhia parte agora para a fase do projeto básico, o que demandará outros cinco anos. Nessa primeira fase de exploração, serão criados 500 empregos diretos. Mas o número de postos de trabalho deverá aumentar na fase seguinte do projeto. A estimativa é que cada emprego direto resulte em dois indiretos. Conforme Abdanur Júnior, a área projetada para exploração é de dois mil hectares. Parte do terreno, porém, pertence a fazendeiros locais. As negociações para indenizar os proprietários rurais ainda não tiveram início, mas o executivo acredita que esse processo de negociação deve iniciar-se nas próximas semanas. O fosfato extraído em Patrocínio deverá ser escoado pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), malha ferroviária controlada pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Com 48 anos de atuação no País, a Fosfértil atua nos Estados de Goiás, Minas Gerais, Paraná e São Paulo e emprega três mil pessoas. O grupo é responsável por cerca de 30% das vendas de nutrientes fosfatados e 27% dos nutrientes nitrogenados nas regiões em que atua, além de movimentar granéis sólidos e líquidos através de seu Terminal Marítimo. A companhia investiu, recentemente, cerca de R$ 340 milhões na ampliação das unidades de Uberaba (MG), Catalão (GO) e Tapira (MG) com o objetivo de aumentar a produção de insumos fosfatados. Bioenergia: Os investimentos para expansão da Fosfértil devem continuar, informa o presidente do Sindicato da Indústria de Adubos do Rio Grande do Sul , Torvaldo Antonio Marzolla Filho. Segundo ele, a empresa já definiu como um de seus próximos investimentos a criação de uma nova fábrica de uréia no Brasil. “Os movimentos de expansão da Fosfértil refletem a importância do agronegócio brasileiro”, diz Marzolla. Segundo ele, a empresa hoje é controlada fundamentalmente por três multinacionais — Yara, Bunge e Cargill —, que acreditam também no crescimento do mercado de agroenergia do País. Para o presidente do sindicato gaúcho, a produção de etanol e de biodiesel deve movimentar o setor agrícola brasileiro, que hoje está em crise. Perspectivas: A entrada da Yara Fertilizantes no controle acionário da Fósfertil, com a recente compra da Fertibrás, poderá mudar o perfil do mercado de fertilizantes no País. A Yara iniciou também a instalação de uma nova unidade industrial em Paranaguá (PR). Toda essa movimentação da empresa acontece justamente no momento em que o mercado interno recuou significativamente. A expectativa para esta safra é de queda de 20% na demanda de fertilizantes no Paraná. “O produtor quer diminuir muito os custos, e deve começar pelos fertilizantes”, comenta o assessor Econômico da Federação da Agricultura, Nilson Hanke Camargo. A movimentação do segmento no porto vem caindo desde o ano passado e as outras empresas que comercializam fertilizantes estão segurando projetos. “Neste período, em que as encomendas deveriam começar a chegar no porto, já percebemos que a movimentação está pequena”, diz um dos operadores. No terminal da rede marítima Wilson Sons, o volume de fertilizantes importados ainda não começou a chegar. “Estamos aguardando para meados de agosto o maior volume de recebimentos”, dizem os técnicos da empresa. A nova unidade de processamento de fertilizantes da Yara em Paranaguá consumiu investimentos de aproximadamente R$ 15 milhões e foi realizada em uma parceria com a América Latina Logística (ALL), que cedeu o espaço, e uma terceira empresa estrangeira cujo nome não foi divulgado.