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Fila de navios para atracar eleva custos no porto de Paranaguá



Uma paisagem atípica para esta época do ano no porto de Paranaguá está preocupando exportadores, agências marítimas e operadores portuários: é a fila de navios que aguardam ao largo para atracar no cais. Ontem (04-03) à tarde, segundo a direção do porto, 44 embarcações aguardavam ao largo, das quais 32 esperavam para carregar no corredor de exportação. O aumento no tempo de espera eleva os custos e há preocupação com atraso no cumprimento de contratos. Apesar do grande número de navios, a movimentação média do porto é de apenas 50 mil toneladas/dia, segundo informações do diretor técnico do porto, Ogarito Linhares — bem abaixo do recorde de 108 mil t/dia, estabelecido no ano passado.

Linhares diz que a fila de navios decorre da movimentação anormal para o período, causada sobretudo pelo escoamento tardio da safra de milho, que foi recorde no Paraná (14,2 milhões de toneladas em 2002/03). "Em 2003, o porto recebeu 4 mil caminhões de janeiro ao início de março. Este ano, já chegamos a 24 mil", diz Linhares (leia mais na matéria correlata - link abaixo).

No meio portuário, porém, são apontadas outras possíveis razões para a formação da fila. "O problema é que a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) decidiu que os exportadores só poderão mandar caminhões para Paranaguá se houver navio contratado para levar essa carga. Isso acabou com a fila de caminhões, mas formou a dos navios, que fundeiam e têm que esperar a carga chegar", diz o agente marítimo Leonardo Magalhães, da Interocean Agência Marítima. Ele teme que o problema se agrave durante o pico da safra de soja, já que o governo promete exigir testes de transgenia em todas as cargas.

Segundo Magalhães, o tempo de espera para atracar no corredor de exportação triplicou nas últimas semanas, chegando a 15 dias. Alguns navios, porém, já esperam há três semanas. Ele informa que o custo médio diário de um navio parado é de US$ 30 mil e diz que o fato de haver muitas embarcações esperando já se refletiu em alta no preço internacional dos fretes marítimos.

O presidente do Sindicato dos Operadores Portuários (Sindop) de Paranaguá, Edson Aguiar, diz que vários fatores influenciam na formação da fila. "Além da carga de trabalho atípica, em janeiro um dos três berços de atracação do corredor de exportação passou por manutenção, diminuindo a capacidade de embarque", disse. Segundo ele, "há uma situação constante de preocupação com os prazos contratuais". Aguiar diz que mesmo que nenhum novo navio chegasse a fila demoraria três semanas para acabar.

A mesma preocupação é demonstrada por Nilson Hanke Camargo, assessor econômico da Federação da Agricultura do Paraná (Faep) e visitante permanente no Conselho de Autoridade Portuária (CAP) de Paranaguá. "No fim, quem arca com o custo dos navios parados é o nosso produtor", afirma. Camargo acredita que os armadores podem não ter se adequado ao novo esquema de programação de cargas em Paranaguá, gerando filas, mas acha que o porto deveria tomar providências para aumentar o volume diário de embarque.

O diretor técnico do porto atribuiu a baixa média de movimentação às "condições climáticas". Mesmo admitindo que não tem chovido forte, Linhares disse que "uma simples ameaça de chuva faz parar um navio". Outro fator, segundo ele, é que alguns destinos de milho não compram volumes suficientes para encher um navio: "Carregar navios com carga compartilhada é uma operação mais demorada".

Linhares admite que, por causa do aumento no tempo de espera, alguns transportadores estão trocando Paranaguá por outros portos menos movimentados nesta época. Mas, segundo ele, isso não terá impacto negativo na movimentação do porto paranaense, que espera aumentar em 10% o volume este ano, em relação às 33,5 milhões de toneladas embarcadas em 2003.

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