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Ferrugem da soja é tema de evento paralelo no CBSOJA



Ontem, dia 4, durante o Congresso Brasileiro de Soja, promovido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Foz do Iguaçu, PR, ocorreu um evento paralelo sobre a ferrugem da soja, doença que na safra 2001/2002, provocou redução de até 50% no rendimento da soja em Goiás. A doença também foi detectada no Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Pesquisadores da África do Sul, Estados Unidos, Brasil e Paraguai reunidos no Congresso de Soja defendem a elaboração de um programa internacional para desenvolver cultivares resistentes à ferrugem, já que diferentes raças do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da doença, podem ser desenvolvidos na Ásia, África, América do Sul.

O coordenador do evento José Tadashi Yorinori, pesquisador da Embrapa Soja, explica que a ferrugem, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, interfere no funcionamento dos tecidos, provocando a queda prematura das folhas. Essa espécie de ferrugem da soja, originária da China, é facilmente disseminada pelo vento. Depois de se expandir pela Ásia e Oceania, há quatro anos, a doença atingiu o Sul da África.

No Zimbabue (Sul da África), a ferrugem asiática chegou a provocar perdas de rendimento entre 50% e 75%, mas hoje está controlada por causa do desenvolvimento de um programa de pesquisa. O representante da União Comercial de Produtores do Zimbabue, Clive Levy que participa do Congresso de Soja vai apresentar a experiência do país. Ele diz que centros de pesquisa e empresas privadas do Zimbabue se uniram para realizar testes com fungicidas para que a eficiência do produto fosse maximizada. "De acordo com a severidade do problema indicamos de uma a três pulverizações com fungicidas nas lavouras atingidas. Essas aplicações podem proteger a planta desde o florescimento até a maturação", explica Levy.

Segundo ele, o programa de melhoramento que objetiva desenvolver cultivar resistente à ferrugem está bastante adiantado, porém, ainda não obteve resultado prático no Zimbabue. "Desde que o problema surgiu estamos fazendo cruzamentos genéticos para obter cultivares resistentes, mas esperamos obter resultados nas próximas safras", explica.

Levy defende diz que o Brasil deve seguir uma estratégia parecida, mas diz que a aplicação de três doses de fungicidas pode inviabilizar a cultura no País. Como a ferrugem da soja representa séria ameaça à sojicultura da América Latina, o problema exige ações da pesquisa e da assistência técnica. A Embrapa, o Ministério da Agricultura e fundações de apoio à pesquisa estão trabalhando para estabelecer estratégia nacional para combater o problema. A Embrapa fez levantamento da doença ao nível nacional, determinando as áreas de ocorrência do fungo P. pachyrhizi. "Já começamos os testes, tanto em laboratório quanto a campo, para avaliar quais cultivares apresentam resistência à doença", diz Tadashi.

Além desses testes, a Embrapa Soja está avaliando a eficiência de fungicidas recomendados atualmente para o controle da ferrugem. Em condições severas, seria necessário aumentar o número de aplicações de fungicidas, o que inviabilizaria economicamente a cultura nas regiões atingidas.

Segundo Tadashi, outra medida que deve ser tomada com urgência é o treinamento e a capacitação de técnicos de campo para que possam identificar e monitorar a área, indicando ou não a aplicação de fungicidas. "Vale enfatizar que o fungo não é transmitido via sementes ou grãos, por isso não há risco de introdução do fungo da ferrugem para outros países, através de grão exportados. A disseminação a longa distância é feita exclusivamente pelo vento", alerta.

Obs: Hoje, dia 5, o II CBSOJA promove outro debate sobre a ferrugem da soja em mesa redonda sobre o tema.

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