CI

Fazendas ocupam lugar de destaque na cajucultura do Ceará

São 57 mil produtores e geração de 180 mil empregos diretos no campo e outros 15 mil nas indústrias



A cajucultura é uma das mais destacadas atividades para a economia do Ceará. São 57 mil produtores e geração de 180 mil empregos diretos no campo e outros 15 mil nas indústrias, de acordo com dados do Centro Internacional de Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Estado Ceará (Fiec). Os números são reforçados pelos resultados das exportações do setor. Em 2005, o Estado exportou US$ 141,7 milhões, correspondendo a 15,2% das vendas externas cearenses. De janeiro a agosto, deste ano, foram US$ 94,4 milhões. A atividade ocupa o segundo lugar na pauta de exportação. O primeiro é o segmento calçadista. Dentre os produtos destaca-se a castanha de caju que é exportada para os EUA e Europa. Nesse panorama expressivo, as fazendas do Grupo Edson Queiroz — a Retiro Grande, em Icapuí, e a Boa Esperança, em Cascavel — reafirmam posições de destaque, principalmente, com a certificação orgânica, conferida pelo Instituto Biodinâmico (IBD), entidade internacional que carimba o Selo Verde para a agricultura orgânica.

O manejo adequado da cultura sem adubo químico ou agrotóxicos, substituição de copa, controle de pragas e doenças, colheita e pós-colheita incluindo padronização e classificação da castanha aliados à responsabilidade social e ecológica reforçam o trabalho desenvolvido nas duas propriedades. O Grupo Edson Queiroz foi o primeiro no Brasil a receber o Selo Verde e é pioneiro na produção da amêndoa da castanha orgânica.

Com 12 mil hectares, a Fazenda Retiro Grande desenvolve três atividades: a cajucultura, apicultura e bovinocultura. No entanto, o carro-chefe é o plantio de cajueiros. São oito mil hectares com a cultura entre o nativo ou comum e o anão precoce. A meta, de acordo com o engenheiro agrônomo e gerente da fazenda, Orlando Silva Gomes Filho, é, em quatro anos e com tecnologia de ponta no manejo da planta, substituir todos os nativos pelo anão precoce. “O porte baixo dessa espécie facilita a colheita, o manejo e os tratos culturais dos pomares”, explica ele. Além disso, a precocidade, maior produtividade em relação ao tipo comum e o crescente interesse no aproveitamento do pedúnculo, tanto para o consumo “in natura”, como para a agroindústria, são fatores que têm contribuído para o aumento da área plantada do cajueiro anão precoce na fazenda. “Adotamos a técnica de substituição e a clonagem com as variedades de características superiores para a indústria”.

Entre as técnicas utilizadas, a do enxerto oferece segurança de 100% na qualidade da castanha. Assim, as variedades utilizadas na fazenda apresentam características superiores, como a despeliculagem (amêndoa limpa); resistência ao beneficiamento (não quebra); maior peso médio que a comum; e coloração mais alva e, por isso, com maior valor no mercado internacional.

Outra vantagem do anão precoce em relação ao comum, apontada pelo gerente, é que com 7,5 metros de distância de uma planta a outra, consegue-se 177 plantas por hectare; já o nativo, no mesmo espaço de terra, com 15 metros distante uma árvore da outra, só é possível obter 44 plantas por hectare. “A adoção dessas novas práticas de baixo custo visam elevar a produtividade dos cajueiros”, ressalta. Os nativos são bastante heterogêneos e pouco produtivos, alcançando 240kg/ ha, em comparação aos 800kg/ ha do anão precoce.

Com a certificação, explica Orlando Filho, foi agregado valor ao produto castanha. Para receber o Selo Verde, a Retiro Grande observou vários aspectos considerados imprescindíveis para o Instituto de Biodinâmica. O primeiro é a responsabilidade social — todos os trabalhadores têm carteira assinada, escola e moradia com casa de alvenaria e completa infra-estrutura para eles e suas famílias. O segundo é a responsabilidade ecológica — defesa da flora e fauna locais, uso mínimo de mecanização; não utilização de agroquímicos, como inseticida, fungicida e adubos nitrogenados de alta solubilidade. O trabalho de substituição dos pomares comuns obedece a critérios de manejo ecológico. O corte e enxerto das mudas manipuladas em viveiro próprio devem coincidir em linhas alternadas. As plantações são consorciadas com a apicultura, onde o mel produzido nas duas fazendas também tem a certificação do IBD.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.