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Farinha sem glúten a partir de bananas descartadas

A pesquisa utilizou 45 quilos de bananas Cavendish



A pesquisa utilizou 45 quilos de bananas Cavendish, A pesquisa utilizou 45 quilos de bananas Cavendish, - Foto: Canva

A gestão dos resíduos orgânicos, especialmente nas indústrias agrícolas, tornou-se um tema crucial nos últimos anos, considerando que, em certas épocas do ano, os produtores precisam descartar parte de sua colheita para evitar quedas nos preços de mercado. Um exemplo relevante é o das Ilhas Canárias, onde 15% das bananas colhidas são descartadas diariamente em armazéns de embalagens (Maria Glória Lobo Rodrigo et al.). Para enfrentar essa situação, a Universidade de La Laguna, em parceria com o Instituto Canário de Investigação Agrícola (ICIA), desenvolveu um processo para transformar esses resíduos em farinha de banana verde, aproveitando frutas que não são comercializáveis.

A pesquisa utilizou 45 quilos de bananas Cavendish, descascadas manualmente e secas em forno de convecção. O resultado foi uma farinha rica em amido, fibras e compostos bioativos, que tem potencial para prevenir doenças degenerativas e cardiovasculares, graças ao alto teor de potássio e magnésio. Além disso, os cientistas exploraram o uso das cascas de banana para ensilagem e alimentação animal, promovendo uma abordagem sustentável e circular para os resíduos gerados.

Os testes culinários realizados com chefs mostraram que a farinha de banana verde é uma alternativa interessante para produtos sem glúten, como pães e bolos. Embora tenha se mostrado compatível com outros ingredientes, a falta de elasticidade exigiu a mistura com outras farinhas para melhorar a textura dos produtos. Mesmo assim, os consumidores aprovaram a esponjosidade e o sabor dos produtos finais, especialmente muffins, ressaltando a qualidade em comparação com outras opções disponíveis no mercado.

Os pesquisadores também analisaram a conservação da farinha, concluindo que, quando armazenada a 6 °C, ela mantém suas propriedades por até sete semanas. Esse estudo representa um passo importante para a valorização dos resíduos agrícolas, transformando-os em ingredientes de alto valor nutricional e oferecendo uma solução prática e sustentável para o setor bananeiro das Ilhas Canárias.
 

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