Exportação de soja podem ter queda de 24% em abril
Custo operacional da soja preocupa produtores para próxima safra
O preço da soja melhorou mais um pouco no Brasil, puxado por um câmbio que foi a R$ 5,05 por dólar, apesar da intervenção do Banco Central. Conforme a análise semanal da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA), por enquanto, o câmbio escapa do patamar considerado ideal, que é entre R$ 4,80 e R$ 5,00 por dólar. Com isso, a média gaúcha fechou a semana em R$ 116,32/saco, enquanto nas demais regiões do país o valor girou entre R$ 105,00 e R$ 111,00/saco.
Segundo o Cepea, o aumento nos preços do óleo de soja também ajudou a melhorar o preço interno da soja. A indústria alimentícia estaria comprando e fazendo estoque de óleo, preocupada com a possibilidade de uma maior parte do produto ser destinada à produção de biodiesel. Hoje, o óleo de soja participa com 70% da produção total de biodiesel no Brasil. Atualmente, a mistura do biodiesel ao óleo diesel é de 14% (B14) no Brasil, mas há um projeto para que chegue a 25%.
Por sua vez, a colheita da safra atual atingiu a 74% da área cultivada até o dia 28/03, de acordo com a. AgRural, enquanto no Rio Grande do Sul a colheita atinge a 20% da área, contra 42% na média histórica para esta data. Na região Noroeste gaúcha a produtividade vem surpreendendo, alcançando pouco mais de 61 sacos/hectare na medida em que avança a colheita. Na prática, a produtividade tem oscilado entre 50 e 80 sacos/hectare na região.
Mesmo assim, os números estimados para a safra total brasileira não têm se modificado, oscilando entre 146 e 156 milhões de toneladas junto à maioria das consultorias privadas e públicas.
Quanto à exportação, os novos números estimados estão em 93 milhões de toneladas, com um consumo interno de soja de 57,5 milhões. Com isso, os estoques finais da oleaginosa ficariam em 2,9 milhões de toneladas, segundo informações da Stone X.
Por outro lado, a Datagro Grãos reduziu a produtividade média brasileira, na atual safra, em 10,5%, com a mesma ficando, agora, em 53,6 sacos/hectare. Assim, a expectativa de produção final fica em 146,3 milhões de toneladas, com 8,7% abaixo do recorde colhido no ano anterior, que chegou a 160,2 milhões segundo a consultoria.
E no Mato Grosso a receita líquida operacional vem sendo negativa neste ano 2023/24, devido a uma quebra importante na safra e a preços muito baixos da soja. Tal situação poderá modificar as decisões do futuro plantio da oleaginosa naquele Estado. A quebra, sobre o anterior, é de 15%, com a produção ficando em 38,4 milhões de toneladas. “Com a quebra de safra, o Mato Grosso deve ficar com uma fatia de 25% da produção brasileira na temporada atual, contra cerca de 30% na temporada anterior.”, conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Em tal contexto, o Cepea (Esalq/USP) apresentou estudo indicando que a receita líquida operacional com a soja, em Sorriso (MT), recuou 130% neste ano. Com isso, esta receita será negativa em R$ 370,00/hectare, contra R$ 1.421,00/hectare positivos no ano anterior. Já em Rio Verde (GO), tal receita recuou 86%, em Dourados (MS) 89% e em Cascavel (PR) 87%. Diante disso, para 2024/25, o estudo indica que, na hipótese de o produtor ter uma colheita razoável, o resultado seria afetado pelas dívidas de 2023/24. Para 2024/25 seria preciso 55 sacos/hectare para pagar o custo operacional, contra uma produtividade média de 59 sacos. Em princípio, “não está nada mal, paga o custo operacional, mas tem que lembrar que está carregando a dívida que não pagou este ano, mais o custo do investimento", de acordo com o Cepea. O cenário seria semelhante em outras regiões do país, com o agricultor tendo que cortar custos para a safra futura.
Enfim, a exportação de soja, pelo Brasil, em abril, deve ficar em 10,6 milhões de toneladas, ou seja, um recuo de 24% sobre o mesmo mês do ano passado. Já em relação a março passado, o recuo seria de 2,9 milhões de toneladas. Lembrando que no primeiro trimestre do corrente ano o Brasil exportou 25,4 milhões de toneladas, contra 22,9 milhões no mesmo período do ano anterior, de acordo com a Anec.