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Exportação de soja já mostra sinais de retomada após queda em julho


Já aparecem os primeiros sinais de recuperação do ritmo das exportações brasileiras de soja. Depois de um início de ano acelerado, os embarques perderam o fôlego nos dois últimos meses. A valorização do real e a queda dos preços do grão na bolsa de Chicago deixaram o agricultor receoso e travaram a comercialização. Mas a recente guinada das cotações foi suficiente para, mais uma vez, esquentar os negócios.

Conforme dados divulgados ontem (18-08) pela Secretária de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou, em média, US$ 31 milhões por dia nas três primeiras semanas deste mês em produtos do complexo soja, o que significa apenas 0,6% a menos que em julho de 2003 e 9,1% a mais que em agosto de 2002. A recuperação ocorreu na terceira semana do mês, quando a média diária ficou em US$ 41,2 milhões, ante US$ 23,8 milhões na segunda semana e US$ 16,5 milhões na primeira.

Em agosto, os preços da soja subiram 11,8% em Chicago, impulsionados por problemas climáticos que podem prejudicar a safra americana (ver matéria abaixo). No mesmo período, o dólar subiu 1,11% ante o real. "Com essa mudança em Chicago, o produtor voltará a vender e os embarques devem ganhar ritmo mais acelerado em setembro", acredita Roberto Petrauskas, superintendente de comercialização da Cooperativa Agropecuária Mourãoense (Coamo), do Paraná.

Até pouco tempo atrás, o cenário era o inverso. A perspectiva de uma safra americana recorde fez os preços da soja caírem 16,65% entre junho e julho. Dados consolidados divulgados pela Secex na semana passada informam que o Brasil exportou 1,841 milhão de toneladas de soja grão em julho, 29,3% a menos que em junho. Foi também o primeiro resultado mensal inferior a 2002: 26,6% a menos que em julho do ano passado. "Exportador e produtor haviam pisado no freio", explica Anderson Galvão, da Céleres/MPrado.

Mas, em virtude do excelente desempenho registrado de janeiro a maio e do aumento da safra brasileira, os resultados do acumulado do ano são muito superiores ao mesmo período de 2002. De janeiro a julho, o Brasil embarcou 12,2 milhões de toneladas, um salto de 59,1%. Esse volume significa 58% das 21 milhões de toneladas que o país deve exportar em todo o ano de 2003, conforme estimativas da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

A China se consolidou com o principal comprador da soja brasileira, respondendo por 4,47 milhões de toneladas, ou 232,6% a mais que entre janeiro e julho do ano passado. Em segundo lugar aparecem os Países Baixos com 2,025 milhões de toneladas.

A China interrompeu recentemente a compra de soja das Américas embarcada por algumas empresas. O assunto será debatido hoje em Brasília (ver matéria abaixo), mas, por enquanto, não está entre as maiores preocupações dos exportadores, que acreditam se tratar de uma manobra para elevar os preços da soja no mercado chinês. A expectativa é que o país asiático adquira 6 milhões de toneladas de soja do Brasil em 2003. "A demanda existe e alguém irá atendê-la. Muda apenas o exportador", afirma Petrauskas.

Nos primeiros sete meses do ano, o complexo soja, que inclui farelo e óleo, além do grão, rendeu US$ 4,36 bilhões, quase o dobro dos US$ 2,5 bilhões do mesmo período em 2002. A soja responde por aproximadamente 10% das exportações do país.

Para Fábio Silveira, da MB Associados, a grande contribuição do setor para a balança comercial brasileira ocorreu no primeiro semestre. Apesar da alta dos preços em Chicago, ele acredita que a concorrência com a safra americana pode complicar o quadro e estima alta de 65% nos estoques de passagem do Brasil, que chegariam a 3,4 milhões de toneladas de soja em grão. O Ministério da Agricultura prevê que o país deve obter US$ 7,5 bilhões em exportações do complexo soja esse ano, superando pela primeira vez os Estados Unidos, que devem atingir US$ 7,2 bilhões.

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